Não à violência doméstica

Assinalou-se ontem, 25 de Dezembro, o Dia Internacional de eliminação de violência contra mulheres. Os casos são chocantes, os números alarmantes que se propagam a uma velocidade crescente. Segundo a Associação de Apoio à Vítima (APAV) todos os dias há 49 queixas de vítimas de violência doméstica, a maioria das quais mulheres. 
Entre portas ou em plena luz do dia, a violência conjugal acontece, arrastando consigo um sofrimento muitas vezes em silêncio e feito de medos profundos. 
O pano de fundo da nossa vida são os nossos relacionamentos. São eles que dão o tom ao nosso dia e nos fornecem as armas para enfrentar problemas, desilusões e frustrações. O que fazer quando quem nos devia nutrir e proteger volta as suas armas contra nós, nos agride fisicamente, nos diminui psicologicamente ou ambas as coisas?
A realidade é deveras preocupante e parece mostrar apenas a ponta do icebergue, sendo que muitos dos casos ainda são invisíveis aos olhos do público. 
A violência doméstica fere o laço mais íntimo que se pode estabelecer entre um casal, mina a auto-estima, é frequentemente um ciclo vicioso e de tortura em que a agredida não se consegue libertar por sentimento de impotência, receio de represálias ou dependência financeira. Há quem acredite que se pode mudar a natureza de uma pessoa e que um agressor pode deixar de ser violento. No entanto, na maioria das vezes essa pessoa volta a bater e bate ainda mais mesmo com a vítima literalmente caída por terra.
De salientar que a violência não é só uma chapada, um pontapé ou um empurrão. Há palavras que magoam mais do que qualquer acto físico. Fazendo o perfil da maior parte dos agressores, estes apresentam traços como sentimento de posse, raiva, necessidade de dominar e de controlar inteiramente todas as situações e ciumes excessivos. A mulher não é vista como um ser humano, mas como um objecto, uma mercadoria que a ele pertence e a ele se deve totalmente submeter.
Como alterar este cenário tão negro que se vive em Portugal e um pouco por toda a parte? Denunciar é uma das etapas mas também apostar na sensibilização e na prevenção. A educação é ainda a ferramenta principal para agitar consciências, para formar indivíduos equilibrados e saudáveis do ponto de vista físico e psicológico. Quem ama cuida. Quem ama não maltrata. Não há razões para que em pleno século XXI qualquer forma de violência continue a existir. Fizemos tantos avanços científicos, revolucionámos o modo de produção industrial, fomos à lua, assentamos as bases da nossa civilização. Porém, ainda temos de conviver com o que de mais bárbaro e cruel existe na espécie humana. Será altura de rever a solidez dos nossos princípios, de rever as nossas metas curriculares para incluir mais cidadania e respeito pelo outro? De uma coisa estou certa: quem não tem paz dentro de si não a irá encontrar em mais nenhum lugar e quem semeia os ventos do caos, mais cedo ou mais tarde colherá tempestades.
É altura de repensar como lidamos com os maiores problemas da nossa sociedade e reforçar os apoios às mulheres para que consigam fazer das fraquezas forças e viver a sua bela condição em pleno, sem terem de equacionar sequer ser perseguidas, manipuladas, martirizadas. Porque a violência no que deveria ser um dos aspectos mais sagrados e o seguros do quotidiano deve ser o pior dos martírios. 

Imagem retirada de: http://www.ultracurioso.com.br/

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