Regarding Susan Sontag
Neste documentário do canal HBO de 2014 dirigido por Nancy Kates é apresentada a figura venerada e por vezes altamente controversa da escritora, professora, realizadora e activista política norte-americana Susan Sontag (1933- 2004). O documentário abre com um depoimento da intelectual em que esta afirma estar profundamente feliz de estar viva, expressando todo o seu contentamento por este facto. De origem judaica, a história familiar de Susan é conturbada o seu relacionamento com a mãe tido como distante, pelo que esta se torna leitora voraz desde tenra idade, encontrando nos livros o refúgio perfeito.
A juventude de Sontag foi marcada por acontecimentos um tanto precoces: aos 15 anos matricula-se na Universidade da California, Berkeley pedindo posteriormente transferência para a Universidade de Chicago, aos 17 casou-se com Philip Rieff e aos 19 dá à luz o primeiro e único filho, David. Academicamente Susan estudou História Antiga, Literatura e Filosofia. Faz o mestrado nesta última área do saber e inicia na Universidade e inicia na Universidade de Harvard a pesquisa de doutoramento nos ramos da Metafísica, Ética, Filosofia Grega, Filosofia Continental e Teologia. Passa um período de tempo em Paris, que classifica como possivelmente o mais importante da sua vida e inicia um relacionamento lésbico com Maria Irene Formès. A reputação literária de Sontag aumentou à medida em que dava aulas universitárias. Aos 30 anos publica um romance experimental "The Benefactor" (1963), seguido quatro anos depois por "The Death Kit" (1967). O seu conto "The way we live now" sobre a epidemia da SIDA é aclamado pela crítica, seguido de "I, etecera" (1978), uma colecção de contos. Outros livros de ficção da autora incluem "A amante do vulcão" (1992) e "Na América", escrito quando Susan tinha 67 anos e pelo qual venceu o National Book Award em 2000.
Considerada uma das críticas mais influentes da sua geração e um modelo para aspirantes a escritoras e feministas dos anos 1960 e de 1970, Susan Sontag não deixou de se posicionar sobre os conflitos mundiais da sua época como a guerra do Vietname e o cerco de Sarajevo (cidade onde levou à cena num teatro local "À espera de Godot" de Samuel Beckett. Para além da SIDA e outras doenças, Susan abordou com profundidade a cultura, a fotografia, os media, os direitos humanos, o comunismo e as ideologias de esquerda. De relevar as obras "Illness as a metaphor", "Regarding the pain of others", "Against interpretation" e "At the same time: Essays and speeches".
Os seus ensaios e discursos nem sempre foram bem recebidos, como aquele em que após o 11 de Setembro lança críticas mordazes à política externa norte-americana. Na altura, Susan argumentou que o acto terrorista não tinha sido um ataque cobarde na civilização, liberdade, humanidade ou no mundo livre mas no auto-proclamado super-poder mundial, consequência de alianças e acções americanas específicas.
Ao nível da crítica cultural, Susan Sontag destacou-se primeiramente no seu ensaio "Notes on 'Camp'", em que fala da intersecção entre arte de elevado e baixo prestígio e alargou o conceito de dictomia de forma e a arte em qualquer meio. Sontag contribuiu para o valorização do camp, um estilo estético que encara algo como apelativo pelo seu mau gosto e valor irónico, incluindo temas comuns, absurdos ou burlescos. Recentemente foram publicados dois livros mais íntimos da escritora: em 2008 "Reborn (Journals and Notebooks 1947-1963) e em 2012 "As counsciousness is harnessed to flesh: Journals and Notebooks 1964-1980).
Os filmes que Susan realizou são: "Duet for Cannibals", "Brother Carl", "Promised lands" "Unguided Tour" AKA Letter from Venice. Susan também dirigiu várias peças sendo duas das mais bem-sucedidas "Alice in bed" e "Lady from the sea".
Bissexual, Susan Sontag viveu uma relação com a fotógrafa Annie Leibovitz durante os últimos anos da sua vida. Faleceu a 28 de Dezembro de 2004, com 71 anos, vítima de síndrome mielodisplástica (SMD) e está enterrada no Cemitério de Montparnasse, em Paris.
Susan Sontag foi acima de tudo uma mulher que viveu nos seus próprios termos, não teve medo de desafiar convenções, de pensar fora da caixa, de exprimir as suas opiniões e de lutar pela sua liberdade a todos os níveis, pelo que a sua vida deve ser celebrada e inspirar as novas gerações com o seu legado considerável.
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