A Cimeira de Bratislava
A União Europeia vive uma crise existencial sem precedentes que afecta os alicerces em que assenta a construção europeia. A Cimeira de Bratislava, capital da Eslováquia, realizada nesta Sexta-feira foi a primeira que decorreu sem a presença do Reino Unido e trazia à cabeça a necessidade de acrescentar algo de valor à União Europeia no que diz respeito à sua própria identidade, segurança, crise dos refugiados e economia.
As preocupações com o terrorismo são marcadas. A segurança dos estados europeus necessita de ser complementada com uma capacidade própria de defesa, sem depender exclusivamente da força da NATO. Essa estrutura de defesa deve contar com um quartel general próprio, uma coordenação logística e a nível de indústria.
A cooperação estrutural deve ser feita sem perder soberania. A crise dos refugiados que divide os países europeus (com o centro e leste da Europa a dificultarem a sua entrada e a Grécia e a Itália a receberem um fluxo maciço de refugiados) lança o debate se este problema deve ser gerido num foro só nacional ou se exige uma resposta coordenada e esforços conjuntos por parte da União Europeia.
Ir à raiz dos problemas no que à economia diz respeito implica estimular o desenvolvimento, como pela criação de um Fundo de Investimento para África. Tem de se efectuar o lançamento económico-social, numa altura em que o desemprego jovem na União Europeia atinge valores alarmantes.
Segundo a académica e política do Parlamento Europeu Maria João Rodrigues, a chanceler alemã Angela Merkel mostra-se menos preocupada com a crise bancária na Zona Euro e mais preocupada em sarar as feridas decorrentes da crise dos refugiados.
"Espero que a cimeira de Bratislava mostra que queremos trabalhar juntos e que queremos resolver os problemas que temos na Europa" declarou Merkel, que apelou à coesão tendo em conta a diversidade dos 27 Estados que compõem a União Europeia "Concordamos que, por causa da situação crítica em que nos encontramos depois do referendo no Reino Unido- mas também por causa de outras dificuldades com que nos deparamos, temos de acertar uma agenda conjunta. Temos de ter um plano de trabalho que nos permita lidar com os respectivos problemas".
O Presidente da França, François Hollande apontou que a União Europeia pode-se deixar abater ou tornar-se mais forte "Enfrentamos a separação e o enfraquecimento ou o oposto, permanecendo juntos, dando à Europa um propósito".
O Conselho Europeu encontra-se muito polarizado, pelo que haverá novas reuniões em Outubro e Março. Rodrigues alerta que se está a esgotar a janela de oportunidades e de têm de se por em cima da mesa soluções.
Tem de haver confiança, colaboração e defesa da política comum europeia no sentido de os países serem solidários uns com os outros, para serem em seu turno também ajudados em caso de necessidade.
A amplitude exige reformas de grande escala, como dotar as zonas em dificuldades de orçamento próprio no sentido de recuperarem economicamente. Terá de ser elaborada uma política de asilo comum nas fronteiras europeias, de serem superadas divergências como as relativas ao desemprego jovem de forma a que a Zona Euro possa funcionar o mais aperfeiçoadamente possível e ir de encontro às reais necessidades dos cidadãos que a constituem.
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