Portugal Campeão da Europa 2016


Ontem fizemos história. O caminho foi feito de muito sofrimento e, no inicio de alguma descrença de alguns portugueses (em que confesso me incluo). Em 2004 era uma imberbe estudante do Secundário quando organizámos o Europeu, pendurámos bandeiras de Portugal nas nossas casas e vibrámos pela equipa de Scolari. E depois foi o que se viu, morremos na praia, com a derrota na final frente à Grécia em que as lágrimas do Cristiano Ronaldo, inconformado, deitado no relvado espelhavam a desilusão e tristeza de todos os portugueses. 
Sabíamos que tínhamos jogado incrivelmente bem, que a nossa equipa era de sonho, que tinha sido quase mas algo tinha faltado. Chegámos tão perto para ver a vitória escapar-nos por entre os dedos.
Desta vez quis manter as expectativas baixas para não sentir tamanha dor. Acreditava que tinhamos qualidade, apreciava Fernando Santos como treinador e via o valor inegável de algumas individualidades (Cristiano Ronaldo, Nani, Renato Sanches, Pepe, Rui Patrício, Ricardo Quaresma) mas no seu conjunto tinha as minhas dúvidas sobre o nosso futebol. À medida que fomos superando as várias fases: oitavos de final, quartos de final, meias finais o entusiasmo subiu e a esperança foi nascendo dentro de mim. Mas, sabíamos que a França era muito poderosa e ainda guardávamos a lembrança amarga do Europeu de 2000 em que Portugal perdeu contra os gauleses nas meias-finais, após um lance polémico envolvendo um alegado toque de Abel Xavier, com a mão, na bola.
A noite de ontem foi feita de ansiedade e nervos, 10 de Julho de 2016. Oito horas da noite, todos colados ao ecrã a torcer por Portugal. Arrepiados pelo hino nacional que nos envolve numa emoção ímpar pela nossa pátria, os corações a baterem em uníssono à espera de um final feliz. 
Os franceses mostraram o melhor do seu futebol, numa corrida veloz e com muita posse de bola, o que me foi afligindo cada vez mais. Entre defesas espectaculares de Rui Patrício, a lesão de Cristiano Ronaldo que aos 24 minutos foi forçado, depois de ser atingido no seu joelho esquerdo, a abandonar o campo de novo em lágrimas que abalaram o coração de todos os portugueses. O sonho continuava a não ser impossível mas doía ver um jogador afastado do momento alto da sua carreira por um acto de violência física tão revoltante. A França continuou a pressionar e fomos bafejados pela sorte quando uma bola bateu na trave de Rui Patrício. Por seu turno, um remate inspirado de Nani com recarga por João Mário quase fez a vitória de Portugal antes de cumprido o tempo regulamentar, mas a defesa eficaz do guarda-rede francês negou-nos o golo que tanto sonhávamos. Teríamos de sofrer mais meia-hora.
Partimos para prolongamento. O jogo estava equilibrado, com as substituições esgotadas de parte a parte (Quaresma tinha entrado para o lugar de Ronaldo, seguiu-se João Moutinho e por fim, Éder). A França começa a acusar algum desgaste. Fernando Santos e Cristiano Ronaldo não se cansam de dar instruções de tácticas de jogo. Por fim, o momento tão esperado: aos 108 minutos e fora de área, Éder marca o golo que consagraria Portugal como Campeão Europeu da UEFA 2016, pela primeira vez. O apogeu do nosso futebol tinha finalmente chegado.
Esta é uma oportunidade para reflectirmos no nosso valor, para aumentarmos a nossa auto-estima e pensarmos que afinal, com trabalho e esforço, somos capazes de atingir grandes feito. Somos um povo conquistador por natureza, de bravura, de luta, de humildade e de fé. Se somos conhecidos internacionalmente por termos cruzado os mares, agora é tempo de sermos reconhecidos por outras coisas, como pela excelência do nosso futebol. Esta foi uma experiência de união, de partilha, de comunhão. Os portugueses espalhados por todo o mundo foram um só na noite passada. Parabéns à Selecção Portuguesa. Parabéns a Portugal. 




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