O terror

Queremos ter esperança num mundo melhor. Mas, não é fácil mantermo-nos optimistas num mundo cheio de tanta violência, tortura e derrame de sangue. A religião deve ser um alicerce, uma âncora que nos torne pessoas melhores e mais felizes, nunca uma justificativa para actos de crueldade em massa e destruição. Matar em nome de Deus é ignorar os princípios mais básicos da condição humana, nomeadamente o respeito e amor ao próximo. Nova Iorque. Madrid. Paris. Nice. Munique. Istambul. Bruxelas. São apenas alguns dos nomes das localidades que têm vivido em primeira mão os ataques de quem escolhe o terrorismo como caminho, que alastrou do Médio Oriente para a Europa e lamentavelmente não mostra sinais de acalmia.
Os ataques às Torres Gémeas marcam uma mudança de paradigma na ordem mundial. Todos nos lembramos onde estávamos nesse dia e com quem. Foi um trauma que marcou a nossa identidade colectiva para todo o sempre. 
No dia 11 de Setembro de 2001 passei a manhã em casa de uma amiga, a conversar. Quando cheguei a casa à hora das notícias e vi as Torres em chamas o meu pai disse que os Estados Unidos tinham acabado de ser atacados. Não tinha noção da importância deste evento, afinal só tinha 14 anos. Pareciam imagens violentas de um filme de Hollywood, surreais. Não fazia ideia do que era um atentado terrorista ou o porquê de alguém querer atacar o coração da América. Quando me apercebi da realidade, senti choque e medo, o mundo tinha mudado. Eu tinha mudado. Na aula de Religião e Moral o professor pediu-nos para fingir que éramos uma figura poderosa e tomar uma decisão em relação aos atentados. Não sabia o que dizer para além de que era preciso capturar Bin Laden.
No rescaldaldo dos atentados recentes na Alemanha e na França quero acreditar com cada vez mais convicção nas minhas palavras de que o mundo vai melhorar. Como numa oração, quero acreditar na compaixão, na solidariedade, na capacidade do espírito humano de bondade, superação, amabilidade, de amor. Cada vez é mais premente sentir mesmo que seja desamparo, terror, insegurança e sofrimento.
A era do terrorismo transformou-nos. Somos seres digitais que no final de contas se encontram indefesos. Apesar da protecção da segurança pública, forças obscuras podem actuar a qualquer momento. Como lidar frontalmente com o mal, a atrocidade, a violência? Esse contacto com tudo o que é cruel no ser humano muda-nos para sempre, é como uma ferida aberta permanentemente a sangrar.
O mundo não é mais o lugar seguro, cómodo e cor-de-rosa dos contos de fadas. Consegue ser bem hostil e selvagem. Temos de aprender a lidar com as bolas curvas da vida e ser fortes. Não há outra solução. 
O terror faz agora parte indelével da nossa história e pode ensinar-nos muito sobre o que é mais importante na vida, sobretudo o que devemos guardar sempre no coração e nunca esquecer.

Imagem retirada de www.uhrfinternational.org

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