Não às touradas

No dia 9 deste mês, Sábado, um toureiro morreu na arena durante um espectáculo tauromáquico, na Feria de Ángel em Teruel, a região espanhola de Aragão.
Victor Barrio, de 29 anos sucumbiu aos ferimentos gravíssimos do animal que investiu contra o seu corpo, numa emissão em directo, atingindo-os nas costas com os cornos e perfurando-lhe o peito. O jovem toureiro foi prontamente socorrido pelos colegas e levado para a enfermaria onde faleceu. O momento em que foi atacado pelo touro foi amplamente difundido nas redes sociais. A festa de Teruel foi então suspensa.
Toureiro há nove anos, Victor Barrio ter-se-à distraído e calculado mal a distância entre os cornos do touro e a sua capa (esta flanela vermelha que os toureiros usam é chamada de muleta), o que se revelou fatal.
Victor Barrio nasceu em Grajera, na Segóvia (Comunidade Autónoma de Castela e Leão), a 29 de Maio de 1987 e estreou-se profissionalmente na praça de toutros de Las Ventas, em Madrid, a 8 de Abril de 2012. A decisão de ser toureiro, depois de trabalhar num campo de golfe e de terminar os estudos, foi tomada aos 20 anos. Barrio afirmava ter vergonha de dizer que era toureiro porque os admirava muito e os via como uns heróis. Esta é a primeira morte de um toureiro em Espanha desde 1992, ano em que morreram os bandarilheiros Manolo Montoliú e Ramón Soto.
A tourada tem uma longa tradição na Espanha, onde por exemplo a largada de touros em Pamplona é extremamente popular, apesar de se registarem frequentemente feridos. Um dos casos mais mediatizados de toureiros mortos na arena foi de José Falcão, toureiro português de 30 anos que malogradamente foi atingido com uma cornada do touro Cuchatero na femoral na Monumental de Barcelona, que lhe roubou a vida. No século passado, 134 profissionais, 33 dos quais matadores morreram na sequência de ferimentos sofridos na arena.
O falecimento chocante de Victor Barrio reabriu o debate sobre as touradas em Portugal e no país vizinho. 
Pessoalmente, sem desvirtuar em nada o mérito dos toureiros e a sentida homenagem que faço a estes profissionais que faleceram na arena, sou contra as actividades tauromáquicas, sem qualquer tipo de dúvida. Não as encaro como parte da história ou cultura (a mutilação genital também é uma prática inserida culturalmente e isso não significa que não deva acabar). No meu entender, a cultura evolui e pode sempre ser mudada. Da forma como as vejo, as touradas são uma festa funesta, um espectáculo sangrento e desumano que desenraíza os touros da sua condição natural e vai contra todos os direitos dos animais. É a altura certa para repensar o significado de um certame que apenas gera violência e por em causa a sua continuidade, para que nem mais uma pessoa perca a vida na arena na flor da idade. 

Imagem retirada do site: interata.squarespace.com

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