Manual dos jovens estressados mas muito inteligentes
No seu livro especialmente dedicado aos jovens estudantes, o psiquiatra e escritor brasileiro Augusto Cury começa por dizer que na actualidade um jovem de 10 anos tem mais informações que o imperador Júlio César na sua época, aos 15 tem mais informações que Platão e Aristóteles e um jovem de 20 tem mais informações que o brilhante Leonardo Da Vinci. Sobre esta premissa deveras interessante, Cury revela que todo este conhecimento não equivale a ter grandes ideias do mesmo modo que para a construção não basta ter tijolos e pedras num terreno, é preciso ser engenheiro de construção civil. Analogamente, o autor chama ao criador e organizador de pensamentos de engenheiro de ideias.
Augusto Cury critica o sistema de ensino comparando o currículo escolar a um restaurante de um prato só todos os dias, feito de respostas prontas sem estimular o apetite intelectual e a curiosidade dos alunos. Para que estes se tornem cozinheiros de ideias é necessário provocar o seu imaginário, apelar à sua concentração para que organizem e empilhe os seus blocos de conhecimentos no cérebro e possam libertar o seu espírito criativo. Nesse quesito, Cury fala do coeficiente da arte de pensar, na diferença entre meramente repetir e criar e da necessidade de edificar um projecto de vida tendo a disciplina como alicerce de projectos.
O escritor aponta como sendo crucial para uma vida académica bem-sucedida: ter prazer em aprender/paixão pelo conhecimento; descobrir a história por detrás das informações; dar personalidade ao que é aprendido, participar nas aulas quando se tem dúvidas, superar o coitadismo, o confirmo e o negativismo; superar a neurose de ter de estar sempre certo e não se cobrar em demasia. Em termos práticos diz-nos para resumir rapidamente na nossa mente o que se ouve e o que se estuda de maneira a activar as chaves das janelas da memória, fazer um estudo disciplinado (baseado na fórmula: aula dada= aula estudada que melhora a eficiência intelectual e gasta menos energia cerebral).
O psiquiatra não esquece também a parte psicológica individual e apela ao amor próprio e auto-aceitação, ao desenvolvimento do carisma (a arte de encantar os outros), a ser espontâneo e a correr riscos, a superar as armadilhas da mente, pensando "eu é que sou o autor da minha história". Afirma que o destino é uma questão de escolha e que atrás da sorte existe o combustível da coragem e que a vida é um contrato de risco, que independentemente de recebermos vaias ou aplausos é preciso jogar, reinventar, falar e debater. Enfrentar os medos, que tanto se podem tornar gigantes como tão inofensivos como animais de estimação é essencial. Neste contexto Cury fala-nos dos que fogem e são incapazes de doar sem esperar retorno e urge-nos a encarar o dar como nutriente da coragem. Numa história muito engraçada conta-nos como a vida é tão improvável e no entanto se origina no útero materno, em três triliões de células, cada uma delas tendo tudo para não dar certo mas que conseguem vingar. Cury pede-nos para ter em atenção a nossa carga genética resiliente mas também os nossos recursos a nível de inteligência, pelo que devemos ter a teimosia de competir pelo nosso lugar no mundo. Ter garra, segurança,, procurar ultrapassar a timidez, gozar a vida, saber transformar figurativamente um lixo num oásis são qualidades muito importantes. Para tal também é preciso proteger a emoção e cultivar a solidariedade.
Cury chama ainda a atenção para a distinção entre autónomo e autómato. Se o primeiro tem liberdade para pensar pela sua própria cabeça, o segundo obedece a ordens sem ter opinião própria, é dominado, adestrado por outrem, o que é muito perigoso tendo como exemplo a ascensão de Hitler ao poder originando o Holocaustro que vitimou cerca de 6 milhões de judeus, centenas de milhares de marxistas, polacos e ciganos. No final do livro o autor pede-nos para lembrar que sem sobe ao pódio sem dificuldades fá-lo sem glória, que devemos pensar que não formos programados para derrotados. Para haver inovação e crescimento pessoal é preciso assim gritar no silêncio das nossas mentes contra as suas fragilidades e caminhar por terrenos não explorados. E lança-nos uma pergunta: quem disse que não posso superar as minhas limitações? Como tal, é necessário que os jovens se motivem e acreditem no seu poder para influenciar o mundo para melhor, porque é a todos que pertence um pouco o destino da Humanidade.
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