Descobre-te a ti mesmo


A afirmação supracitada que remete ao auto-conhecimento está longe de ser algo inédito. Já no Oráculo de Delfos se encontrava a inscrição atribuída aos Sete Sábios (c. 650 a.C-550 a.C) “Ó homem conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Carl Jung considera que “A psique é o eixo do mundo”.
A nossa vida interior é feita do transcendente, uma espécie de síntese entre o consciente e o inconsciente, do qual ainda conhecemos tão pouco. Aí se vão afirmando conteúdos e tendências, dependendo da forma como filtramos a realidade.
A nossa identidade está em permanente construção, fragmentada, sendo a noção de “eu” trabalhada pela nossa inibição, capacidade de adaptação e fantasias.
Os outros funcionam como espelhos em cujo olhar descortinamos uma parte de nós e o seu feedback dita muitas vezes a forma como nos sentimos. Todos possuímos qualidades e defeitos entre os quais se conta o orgulho, a ira, a ganância e a inveja.
Os seres humanos constituem-se em grupos, movidos pelo desejo de comunicar, de fugir à ansiedade e assumirem uma ordem afectiva. Ocorre então a chamada modelação grupal.
Uma das nossas forças motrizes para nos descobrirmos a nós mesmos é a vontade de entender ou compreender a essência do que somos. Neste caso, pode ocorrer uma chamada epifania em que conseguimos ver a imagem completa depois de, nos sentidos literais e filosóficos, termos encontrado a última peça do quebra-cabeças. Assim, sentimos que a nossa procura valeu a pena, que continuamos a crescer e que a nossa mente vai acompanhar essa mudança. Pensamentos inspirados, iluminados, de uma natureza quase divina ou sobrenatural acreditam-se ser resultados de epifanias.
Para nos encontrarmos a nós próprios primeiro temos de aprender sobre o que nos move, apaixona, motiva e nos faz viver. É uma experiência de esclarecimento, de fazer coisas por si mesmo que pode ser não ser fácil mas vale a pena. Distinga os seus pensamentos dos pensamentos de outras pessoas, alicerce-se em si mesmo, recomece as vezes que forem precisas do zero, organize o seu mundo e conquiste-o. Desfrute do tempo passado a sós para se dedicar aos projectos que mais preza. Não tenha receio da sua própria companhia, seja o seu melhor amigo. Arranje um mentor que possa ajudar a alavancar o seu estado mental ou a sua carreira. Mude a sua perspectiva e a necessidade de ser amado por todos, abandone o negativo, questione-se, habite-se no pleno sentido da palavra que implica estar consciente, presente, inteira. Use os seus conhecimentos, esteja preparado para becos sem saída e conjecture caminhos alternativos. Não se deixe decepcionar pelos fracassos, se cair ao chão tem de voltar a levantar-se. Sempre. Por último, procure servir os outros. Gandhi disse “A melhor maneira de te descobrires é perderes-te no serviço dos outros”. Assim como devemos ser a mudança que queremos ver na sociedade, viver para os outros é a melhor maneira de encontrar o nosso propósito no mundo.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

O talento de Mira

As cicatrizes das famosas

A história de Marla