Uma pele que já não serve

Há uma citação muito bonita amplamente difundida nas redes sociais sobre ficar aquém, à margem de si mesmo. O que poderia ter sido e não foi, ter passado ao largo de uma vida que poderia ter sido grandiosa são dos sentimentos mais amargos e carregados de angústia que o ser humano pode experimentar.
Como tornar vívidos no presente os sonhos que trazemos há anos, talvez décadas dentro de nós? Sabemos hoje em dia que a separação corpo e mente é uma falácia, que tudo trabalha interligado. O corpo, responsável pelo milagre único e irrepetível da vida é o que nos acaba por falhar no final. E a mente, o que podemos dizer acerca dela? Uma miríade de coisas, na verdade. Em primeiro lugar, que nem sempre funciona a nosso favor. Em segundo que a enchemos qual mala de viagem sobrelotada que arrastamos para todo o lado e quando é altura de tirar os elementos cá para fora e de os arrumar não sabemos o que fazer. O passo mais fácil e simples é livrar-nos dos hábitos e rotinas que já não servem um propósito produtivo e positivo. Tal como um par de sapatos velho e gasto tem de ser deitado fora temos de romper com o que nos é prejudicial. Com a “pele” que já não serve. Em sentido literal, pessoas com distúrbios alimentares sentem que não pertencem ao corpo que têm, não se sentem bem nele. Quando falamos de alma uma pele que já não serve são relações tóxicas, hábitos disfuncionais ou simplesmente não cuidarmos bem de nós próprios. Como diz a citação, temos de ter a coragem de fazer a travessia, deixando de lado os medos até ao centro de nós próprios.

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