Para onde caminha a Humanidade

Todos os dias somos bombardeados com notícias alarmantes, que chocam o mais profundo do nosso ser. Os atentados mais recentes em Paris e Bruxelas marcaram um ponto de viragem no mundo Ocidental em que a era do terror se adensa. Ninguém parece estar a salvo.
O terror está a afectar o nosso sistema nervoso de que é exemplo o sucesso da música acelerada para as pistas de dança. A calma e paciência são difíceis de encontrar desde o 11 de Setembro de 2001. Não conseguíamos imaginar que era possível traficar um avião para o lançar contra duas torres. O pânico daquelas pessoas, vítimas inocentes ainda ecoa entre nós. A ameaça do Daesh, a situação dos refugiados principalmente sírios perpetuam o clima de insegurança, medo e desconfiança. Não parece haver garantias de nada na vida, o meio ambiente está delapidado, o coração da Humanidade dilacera-se diariamente com notícias de tantas catástrofes.
Como resolver estes problemas tão graves que nos atormentam os dias e as noites? A meu ver a solução obrigatória passa por trabalhar em conjunto, com os mesmos ideais e visão sistémica, numa atitude conciliadora em relação às nossas diferenças. Nesse sentido há duas doutrinas éticas que penso ser importante referir: o utilitarismo e o principio da universalidade de Kant. O utilitarismo formulado por Jeremy Bentham e John Stuart Mill afirma que as acções são boas se promovem a felicidade e más se não causarem felicidade. Rege-se pelo princípio de bem-estar máximo, isto é, agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar para o maior número de pessoas possível. Defende assim que devemos considerar o bem-estar de todos e não de uma única pessoa.O princípio da universalidade de Kant postula que o individuo adopta a acção correcta quando tem uma perspectiva universal, abdicando dos seus próprios interesses a favor de uma moral universal, que é comum a todos. Exprime-se na máxima “Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”. Uma máxima é uma regra que deve valer para certos tipos de acção e será moral ou imoral consoante esteja ou não de acordo com o princípio moral, que é uma regra que deve valer para todas as acções.
No meio de tanta desordem, de tanta descrença considero premente sublinhar o valor da vida como um todo. Em vez de pensar sempre em “eu”, no nosso ego, pensar em nós, formas de vida do planeta cujos sistemas e atitudes reflectem na Humanidade. Estamos aqui para a servir o melhor de podermos, de uma forma produtiva e harmoniosa e nunca violenta e destrutiva. Temos 15 biliões de neurónios que piscam como o circuito de milhares de cidades, os nossos ouvidos podem ouvir 1600 frequências diferentes, variando de 20 a 20 000 ciclos por segundo. Os nossos nervos ópticos podem detectar mais informações e o nosso cérebro do que o maior sistema de computação do mundo. Temos mais de 300 alvéolos nos pulmões que fornecem oxigénio aos 100 triliões de células espalhadas pelo corpo. Possuímos 206 ossos e 656 músculos que compõem um sistema de capacidades com funções mais diversas do que qualquer criatura conhecida. Estas enormes capacidades de funcionamento e aprendizagem podem ser utilizadas de inúmeras maneiras diferentes, as capacidades do ser humano são imensas.
Não é possível prever o futuro mas se não espartilharmos tanto o conhecimento e ultrapassarmos a bifurcação Humanidades/Ciências talvez seja possível começarmos a ver o mundo com outros olhos e possamos aprender a caminhar de mãos dadas. 

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