O drama dos refugiados
A crise dos refugiados do Mediterrâneo
de 2015 ilustra-se por um número crescente de refugiados a arriscarem-se nas
águas em botes e barcos que não foram feitos para o mar numa tentativa
desesperada de alcançar a Europa.
A Síria está longe de ser o único país
onde há conflito e abuso dos direitos humanos. De facto, uma vasta gama de nacionalidades está a
fazer esta viagem: muitos dos que chegam via Grécia são provenientes da Síria,
Iraque e Afeganistão enquanto pessoas vindas da Eritreia, Nigéria, Somália,
Gambia, Mali e Senegal estão a fazer uma
jornada igualmente perigosa da Líbia para a Itália. Em comum têm as condições
de vida difíceis a que tentam a todo o custo escapar.
A Human Rights Watch descreveu a
situação na Eritreia como “sombria”. Na Nigéria o grupo insurgente militar de
Boko Haram matou civis, raptou mulheres e raparigas, recrutou homens e rapazes
à força e destruiu casas e escolas, deixando desalojadas centenas de milhares
de pessoas.
Os indivíduos provenientes do este e oeste
da África normalmente viajam por semanas, meses ou até anos até chegarem à
Europa. Durante um período de tempo muitos ficaram na Líbia onde havia trabalho
abundante e as condições eram relativamente estáveis. No entanto, depois da
destituição do poder do Coronel Kadafi por forças da NATO, a Líbia tem vivido
instabilidade e violência política que afectou o comércio, a produção de
petróleo mas também aumentou a violência, particularmente dirigida a africanos
negros. Abriram-se novas oportunidades para contrabandistas humanos e
traficantes para explorar a vulnerabilidade e desespero dos refugiados e
migrantes com as promessas de uma vida melhor noutro lugar.
Esta turbulência é representada pela
chegada de quase um milhão de pessoas desesperadas que perderam as coisas
normais da vida de todos os dias: escola, trabalho, família. À medida que os
refugiados entram na Europa continuam as notícias alarmantes dos ataques do
Estado Islâmico ou Daesh, cujos atentados terroristas de 13 de Novembro em
Paris são um dos expoentes de uma rede de base territorial com tentáculos que
lhe permitem efectuar um atentado em virtualmente qualquer parte do mundo.
Surge o receio de que entrem na Europa terroristas a fazerem-se passar por
refugiados, o que causa preocupação e até em alguns casos hostilidade em
relação a estas pessoas.
O que vemos e absorvemos todos os dias
pode parecer esmagador e muitas vezes sentimos que não podemos fazer a
diferença. Mas a dor que os refugiados experimentam de deixar tudo o que é
familiar pode ser colmatada pela simpatia de estranhos que se poderão
eventualmente tornar amigos e pelo conforto de um novo país.
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