Sérgio


Diplomata brasileiro da Organização das Nações Unidas (ONU) por 34 anos e Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002, nascido a 15 de Março de 1948, Sérgio Vieira de Mello era um homem singular, extremamente diligente e que emanava uma energia natural para todos os que o rodeavam.
Este documentário de 2009 mostra-nos Sérgio Vieira de Mello como ele era: apaixonado pelo Rio de Janeiro de onde era natural, humilde, carismático, perseverante, com um discurso galvanizante. Apesar de ter carros de luxo ao seu dispor, Sérgio era despojado em relação a bens materiais, abdicava de protecção e andava muitas vezes a pé, de táxi ou de metro. Procurava conhecer os povos locais e não fugia dos bairros mais humildes onde com os refugiados falava sobre moral, ética e cidadania. Simpático e atlético foi eleito o homem mais desejado e charmoso do mundo pelas revistas Vogue e Vanity Affairs mas receber os títulos alegando se algo havia a receber que fosse revertido em donativos aos refugiados do Iraque. Licenciado e mestre em Filosofia na Universidade de Paris I e doutorado em Letras e Ciências Humanas com a tese Civitas Maxima, trabalhar na ONU foi um passo natural para si uma vez que o pai, Arnaldo Vieira de Mello já era diplomata. Passou a maior parte da sua vida a servir em missões humanitárias e de manutenção de paz: em Bangladesh, no Sudão, no Chipre, em Moçambique, Ruanda, Kosovo, Timor Leste, Peru, etc.
Foi conselheiro político sénior das forças da ONU no Líbano, foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceania e director da Divisão de Relações Internacionais, coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos, enviado especial do Alto Comissário ao Camboja (onde foi o único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho (organização que com as suas políticas de engenharia social levou o país ao genocídio). Foi director da primeira força de paz na Croácia e Bósnia Herzegovina durante as guerras na Jugoslávia.
Acreditando que Sérgio Vieira de Mello era a pessoa certa para resolver qualquer problema, o secretário-geral da ONU Kofi Anan nomeou-o ser seu representante especial no Iraque onde deveria registar as necessidades da população e contribuir para a reconstrução do país. Foi em Bagdade que viria a perder a vida, com outras 21 pessoas, num atentado que se deu mesmo debaixo da sua janela a 19 de Agosto de 2003, no Hotel Canal. O documentário de Greg Barker mostra-nos como um camião-bomba fez explodir o local onde estava Sérgio e este ainda esteve vivo durante três horas preso nos escombros, comunicando com a equipe de resgaste. O relacionamento com a companheira, Carolina Larriera foi também abordado. 
Com apenas 55 anos, o mundo viria a perder um homem extraordinário focado na construção de comunidades em que a tragédia humana era evidente, fruto de guerras e violências extremas, defensor dos direitos e valores humanos, negociador exímio e determinado. A Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu o dia do ataque à sede da ONU em Bagdade, o mais violento contra uma missão da ONU até então, como Dia Mundial Humanitário para homenagear todos os seus funcionários que faleceram em nome da causa humanitária. Foi também criada a Fundação Sérgio Vieira de Mello dedicada à promoção do diálogo e resolução pacífica dos conflitos. É este afinal o legado e mensagem última de um dos grandes trabalhadores ao serviço da Humanidade.




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