Liberdade no amor
Muitas vezes os relacionamentos são
sinónimo de ficar limitado, preso a uma pessoa e deixar de fazer as coisas que
se fazia quando se era solteiro.
Primeiro que tudo a ideia de liberdade
de absoluta é uma ilusão. Temos sempre obrigações a cumprir, o sistema assim o
dita e a nossa liberdade acaba onde começa a do outro. A nossa sociedade tem
regras que todos os que nela vivem tem de cumprir sob pena de sofrerem sanções,
represálias ou mesmo emprisionamento. Todos os solteiros vivem a tensão entre o
isufrir a própria companhia, a da família e dos amigos e a dedicação aos
próprios interesses e a solidão profunda que por vezes se instala. No meio da
noite, na altura em que se devia estar no sétimo sono, por vezes sente-se muito
a falta de uma companhia para atravessar as horas, para nos fazer sentir que
não somos seres avulso nesta existência.
Fazer parte de um casal em equilíbrio
e harmonia é um aconchego para a alma, uma oportunidade preciosa de crescer e
evoluir em conjunto. No entanto as relações têm de surgir na altura certa
quando ambos estão preparados caso contrário um vai lamuriar-se pela liberdade
perdida e ter saudades dos seus programas de solteiro. Amar implica fazer
cedências e às vezes esquecer a própria vontade para fazer a do outro;
perder-se nos seus olhos e na sua voz como se fosse o único ser no Universo.
Há pouco tempo comemorou-se 40 anos do
25 de Abril que mudou para sempre o destino político do país e acabou com a
censura e repressão do antigo regime. Recuperámos a liberdade que durante tanto
tempo nos foi negada e os ideias da Revolução dos Cravos são os mesmos porque
procuramos pautar-nos hoje. Tivemos a coragem de cortar com algo que nos era
prejudicial e tal revela-se necessário em outros aspectos da vida também.
Uma relação nociva e
disfuncional é como uma corda apertada ao pescoço que nos rouba um pouco mais
de ar a cada dia e não nos faz bem nenhum. Precisamos de ter muito bem afinado
o nosso sentido de autonomia antes de amar e nunca perdê-lo de vista porque é
de perspectivas distintas, de confiança e de compreensão que se forma qualquer
relacionamento. Nem todos foram feitos para formar um casal e se o amor não nos
encontra podemos sempre usar a nossa liberdade que mesmo assim não é infinita,
para amar mais o mundo e as pessoas que nela habitam porque é disso que estamos
carentes. Enquanto a Humanidade conter orçamentos mais elevados em armamento de
guerra do que em educação e apoios sociais a liberdade será uma falácia. Se
estamos presos ao ódio, ao medo ou à garantia de poder retaliar nunca seremos
livres de todo.
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