Palavras, Lianne, Carta
Filme: "As Palavras" (2012): Rory é um escritor que luta para publicar um livro de êxito, contando com o apoio incessante da namorada, Dora. Infeliz nas suas tentativas literárias, Rory faz uma descoberta inesperada que vai mudar a sua vida para sempre. Numa mala antiga descoberta por acaso numa loja de antiguidades em Paris, encontra-se um manuscrito cujas páginas contam uma história belíssima, uma expressão plena das emoções e fragilidades humanas; exactamente a obra que Rory sempre sonhou ser capaz de escrever. Publicando o livro em nome próprio, tem sucesso e aclamação crítica mas, ao mesmo tempo, aprende a viver como uma uma farsa, cujos alicerces se abalam com a materialização do fantasma do verdadeiro autor do livro que aparece para lhe contar de onde surgiram aquelas palavras e tudo o que elas significaram. Num olhar interessante sobre a ambição, a ética moral e o poder da escrita para comover e impressionar a alma humana, esta película conta ainda com óptimos desempenhos de Bradley Cooper, Zoe Saldana e Jeremy Irons.
Música: Lianne La Havas "Is your love big enough?" (2012): Disco de estreia da cantora e compositora londrina, este é um trabalho de força maior que se notabiliza pela voz arrebatora de Lianne, que se interpreta de forma extremamente emotiva e sentida temas que falam de amor, dúvidas, idealização, perda e esperança. O talento e qualidade deste primeiro esforço, transformam a inglesa, de origem jamaicana e grega, numa dos nomes mais promissores da música no planisfério pop, folk e soul da sua geração. Destaque para as canções "Gone", "Elusive", "Lost & found", "No room for doubt" (com Willy Mason) e "They could be wrong".
Livro: "Carta de uma desconhecida" (1922) de Stefan Zweig: Esta obra tocante e singular inicia-se quando um distinto escritor de Viena recebe, no seu 41º aniversário, uma carta de uma mulher desconhecida que se inicia com os dizeres "Para ti que nunca me conheceste". Num punhado de páginas, é-nos revelada uma vida trágica, unificada pela extrema devoção e amor da remetente pelo homem que agora a lê. Apaixonada pelo escritor, seu vizinho desde os 13 anos de idade, a mulher conta a sua trajectória de dor e luta por um reconhecimento e retribuição amorosa que nunca vieram. É desce sentimento, que se transformou um grande sofrimento, que inspirou todos as suas acções e escolhas até ao seu final agonizante, embalada sempre por um amor auto-suficiente, de um brilho eterno.
De referir que o autor, Stefan Zweig, austríaco de origens judaicas, considerado no auge da sua carreira literária um dos escritores mais famosos do mundo, viveu um dos períodos mais aterradores da Humanidade, com a subida ao poder de Hitler e o Holocausto nazi. Obrigado a deixar a Áustria natal, Zweig parte para o Brasil, onde mergulha numa profunda depressão e perde a esperança no futuro. Suicidou-se a 23 de Fevereiro de 1942, com a mulher, Lotte, na sua casa em Petrópolis através de uma overdose fatal de barbitúricos. O casal terá sido encontrado de mãos dadas. Na sua carta suicida, o escritor agradece ao Brasil por tê-lo acolhido tão bem e afirma: "Depois de 60 anos são necessárias forças incomuns para começar tudo de novo. Aquelas que possuo foram exauridas nestes longos anos de desamparadas peregrinações. Assim, em boa hora e conduta erecta, achei melhor concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso bem sobre a Terra".
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