Borboletas
As palavras às vezes aproximam, outras vezes afastam de forma tão irredutível como gelo glacial. Não contém textura nem calor, são desconexas como dois planetas distintos que nunca se tocam nem se podem ver. Num fechar de olhos tudo se desmorona. Sabemos que independentemente de onde a vida nos levar temos de ter alicerces fortes que suportem abalos e contratempos mas quedem vencidos. Para sobreviver é preciso mudar um pouco mais a cada dia. Tal como as árvores, é saudável trocar as folhas mas nunca podemos perder as nossas raízes. Quem seremos se isso acontecer?
O amor é feito de todas as palavras não ditas, do que fica nas entrelinhas, do que se pensa e se expressa incorrectamente, de confusão, de desencontros, de enganos... Vive nas horas de insónias, nas noites de choro, nas vertigens espantosas que nos levam às nuvens e nas quedas estrondosas que nos estilhaçam a alma. Todas as experiências, mesmo aquelas que parecem arrancar a nossa essência e vontade de viver nos acabam por ensinar alguma coisa. Todas elas nos acrescentam algo, mesmo nos casos em que achamos que perdemos uma parte de nós e vamos ficar sempre incompletos, com feridas a sangrar eternamente. A realidade não é assim, a natureza renova-se sempre e nós também. Novos riachos invandem os nossos pensamentos e trazem-nos palavras nunca antes pronunciadas, sensações desconhecidas, emoções que nunca julgáramos poder sentir.
Sabemos que mesmo no meio do entulho e dos destroços da guerra, há a esperança de uma nova alvorada. Mesmo na destrução e escuridão há reflexos de luz e campos de borboletas à espera que os desvendemos. Há muito que apenas requer uma abertura, uma cedência mínima para vir até nós. Precisamos de absorver isso tudo, queremos as gargalhadas mais profundas, os amanheceres mais perfeitos, os beijos mais doces, a companhia que faz de nós pessoas mais plenas e felizes. Não importa se somos diferentes porque o amor nos torna iguais, se comunicamos recorrendo a mecanismos artificiais porque o torrente donde bronta o amor é totalmente orgânica. Não importa que nos digam não e nos fechem uma porta quando temos a certeza que ela se abrirá um dia, com um tapete vermelho jogado aos nossos pés para que possamos entrar. Princesas com coroas de ternura na cabeça, com curvas cerebrais que rivalizam as do corpo, com todas as qualidades que Deus nos concedeu e com muito mais do que isso, o derradeiro prémio: o afecto de quem mais ambicionámos conquistar.
A forma mais rápida de perder alguém talvez seja queré-lo demasiado, fazer dessa pessoa o centro da nossa vida, o sentido das nossas existências, atribuír-lhe um peso desmesurado que desiquilibra a balança de poderes porque só ele define tudo: se o nosso dia foi bom ou mau, como nos sentimos em relação a nós próprias, se nos vemos como especiais, valiosas e irrepetíveis ou como uma pálida impressão imperfeita e inacabada cuja existência não importa a ninguém.
O amor é feito de montanhas russas, de falsas partidas, de inconstâncias, avanços e recuos, de surpresas inesperadas e muitas vezes de amargas decepções. É composto acima de tudo da carne da vontade, da convição inabalável do que queremos, do que acalentamos, do que sonhamos. Nasce no nosso interior, frutifica na nossa mente e fortalece-se na nossa imaginação. Gerarmos o amor dentro de nós e damos-lhe vida, fazê-lo germinar de pequena planta tímida e débil a árvore frondosa e imponente. Nada é mais estimulante para nós do que o seu crescimento descontrolado, que tudo devora e absorve, que nos faz sentir mil vezes mais do que aquilo que conseguimos pensar e explicar por palavras. Escapa às definições e a qualquer tentativa de entendimento.
Sabemos que mesmo no meio do entulho e dos destroços da guerra, há a esperança de uma nova alvorada. Mesmo na destrução e escuridão há reflexos de luz e campos de borboletas à espera que os desvendemos. Há muito que apenas requer uma abertura, uma cedência mínima para vir até nós. Precisamos de absorver isso tudo, queremos as gargalhadas mais profundas, os amanheceres mais perfeitos, os beijos mais doces, a companhia que faz de nós pessoas mais plenas e felizes. Não importa se somos diferentes porque o amor nos torna iguais, se comunicamos recorrendo a mecanismos artificiais porque o torrente donde bronta o amor é totalmente orgânica. Não importa que nos digam não e nos fechem uma porta quando temos a certeza que ela se abrirá um dia, com um tapete vermelho jogado aos nossos pés para que possamos entrar. Princesas com coroas de ternura na cabeça, com curvas cerebrais que rivalizam as do corpo, com todas as qualidades que Deus nos concedeu e com muito mais do que isso, o derradeiro prémio: o afecto de quem mais ambicionámos conquistar.
A forma mais rápida de perder alguém talvez seja queré-lo demasiado, fazer dessa pessoa o centro da nossa vida, o sentido das nossas existências, atribuír-lhe um peso desmesurado que desiquilibra a balança de poderes porque só ele define tudo: se o nosso dia foi bom ou mau, como nos sentimos em relação a nós próprias, se nos vemos como especiais, valiosas e irrepetíveis ou como uma pálida impressão imperfeita e inacabada cuja existência não importa a ninguém.
O amor é feito de montanhas russas, de falsas partidas, de inconstâncias, avanços e recuos, de surpresas inesperadas e muitas vezes de amargas decepções. É composto acima de tudo da carne da vontade, da convição inabalável do que queremos, do que acalentamos, do que sonhamos. Nasce no nosso interior, frutifica na nossa mente e fortalece-se na nossa imaginação. Gerarmos o amor dentro de nós e damos-lhe vida, fazê-lo germinar de pequena planta tímida e débil a árvore frondosa e imponente. Nada é mais estimulante para nós do que o seu crescimento descontrolado, que tudo devora e absorve, que nos faz sentir mil vezes mais do que aquilo que conseguimos pensar e explicar por palavras. Escapa às definições e a qualquer tentativa de entendimento.
As borboletas devem ser deixadas soltas, a voar e a explorar o mundo como as belezas raras que são. Podem iludir-se com um campo que parece ser mais verde do que é na realidade, podem perder-se a meio do caminho e ficar sem alimento. Nem sempre vivemos iluminados debaixo de pirilampos, por vezes as trevas são desesperantes e desanimadoras. Mas a lassidão não existe quando existe amor porque haverá sempre maneira de darmos passos em direcção a quem queremos, de procurar, de ver, de transmitir mesmo que a resposta seja negativa. Imersos em ansiedade, podemos afastar os outros quando apenas desejávamos ser salvas. A angústia é em si mesma contagiosa e em vez de verem o nosso rosto de princesas vêm apenas o espectro do medo e da dor. Não conseguem ver a confiança e a alegria que residem no reverso da medalha.
Para amarmos vitoriosamente é muito simples: apenas é preciso esperar pacientemente todas as manhãs e todas as noites, ter fé em todos os momentos (acordados ou diurnos) e deixar que o amor se torne parte de nós, fervendo no caldeirão na nossa imaginação, transformando-se a cada dia no manjar mais apetecível, mais inesquecível. Desta forma nunca o poderemos perder pois habita-nos sempre.
Para amarmos vitoriosamente é muito simples: apenas é preciso esperar pacientemente todas as manhãs e todas as noites, ter fé em todos os momentos (acordados ou diurnos) e deixar que o amor se torne parte de nós, fervendo no caldeirão na nossa imaginação, transformando-se a cada dia no manjar mais apetecível, mais inesquecível. Desta forma nunca o poderemos perder pois habita-nos sempre.
Comentários
Enviar um comentário