Limbo
Estamos habituados a ser definidos pelo mundo num conjunto quase infindável de características: pelo nosso aspecto físico, pela família de origem, pela posição social que ocupamos, pelo dinheiro que temos, pelo que fazemos e muitas vezes pelo que não fazemos. O exterior dá-nos uma imagem que acreditamos ser-nos pertencente, que encaramos como um espelho. Não aceitamos qualquer outra possibilidade porque não somos capazes de avaliar por nós mesmos.
Quando os critérios se esgotam e não temos mais rótulos ou padrões para classificar quem somos ficamos presos num vazio de sentido. Tudo parece assustador. Não estamos no inferno nem estamos no céu. É como se vivêssemos à margem e todos se tivessem esquecido da nossa existência. É duro estar numa fase de transição sem saber como a história se desenrola, em que lutarmos por ter outra perspectiva da estrada sem todavia o conseguir, em que tudo o que nos preenche o tempo parecem actividades insignificantes e inúteis feitas para matar o nosso tédio e nos lembrar de um propósito maior: que continuamos a ser humanos, a precisar de ser estimulados e de entretenimento que nos leve a ficar fascinados outra vez pela vida.
É impossível forjar integração e interesse quando todos os dias parecem iguais e amorfos, irremediavelmente cinzentos e tristes porque deveria haver um lugar para começar e começar a organizar e a dar um destino aos nossos esboços mentais mas simplesmente não há.
Não se pode viver eternamente no limbo, é demasiado exaustivo e desesperante. E no entanto, ele está revestido de emoções e descobertas constantes mesmo que na altura não o reconheçamos. É feito de esperança porque apesar de não sabermos o que nos trará o futuro, podemos sonhá-lo e esperar construí-lo, desde que a saúde não nos falhe e a alegria nos acompanhe.
É mil vezes preferível um caos controlado de que uma estabilidade sufocante, no meio da turbulência podemos movimentar-nos e convergir para novos processos, não ficamos estagnadas, condenadas às mesmas vicissitudes, maledicências e desprazeres. A liberdade é mais importante do que segurança material, do que agradar aos outros ou ter atributos invejáveis.
Há que saber retirar prazer de todos os estados em que estamos pois todos eles ensinam e nos modelam à sua maneira. Quando estamos no fundo não podemos desejar ascender milagrosamente ao alto. Mas há nada que nos impeça de formar uma visão e sentir como a tivéssemos concretizado, de encontrar os antídotos para a dor e inventar as nossas fórmulas secretas para a felicidade.
Não se pode viver eternamente no limbo, é demasiado exaustivo e desesperante. E no entanto, ele está revestido de emoções e descobertas constantes mesmo que na altura não o reconheçamos. É feito de esperança porque apesar de não sabermos o que nos trará o futuro, podemos sonhá-lo e esperar construí-lo, desde que a saúde não nos falhe e a alegria nos acompanhe.
É mil vezes preferível um caos controlado de que uma estabilidade sufocante, no meio da turbulência podemos movimentar-nos e convergir para novos processos, não ficamos estagnadas, condenadas às mesmas vicissitudes, maledicências e desprazeres. A liberdade é mais importante do que segurança material, do que agradar aos outros ou ter atributos invejáveis.
Há que saber retirar prazer de todos os estados em que estamos pois todos eles ensinam e nos modelam à sua maneira. Quando estamos no fundo não podemos desejar ascender milagrosamente ao alto. Mas há nada que nos impeça de formar uma visão e sentir como a tivéssemos concretizado, de encontrar os antídotos para a dor e inventar as nossas fórmulas secretas para a felicidade.
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