Sexto sentido
Sabemos com fiabilidade que possuímos cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfacto e tacto. É através dos receptores sensoriais do nosso organismo que respondemos aos estímulos que nos cercam e obtemos informações sobre a sua natureza. Cientificamente, estabeleceu-se que os receptores sensoriais podem ser de três tipos: exteroceptores (captam estímulos externos), visceroceptores (recebem informações dos órgãos internos) e proprioceptores (informam o sistema nervoso central da posição corporal e da força necessária para executar movimentos e estão localizados nas articulações, tendões e músculos).
O corpo humano é composto por elementos que o permitem responder aos estímulos, tais como: fotoceptores (sensíveis à luz), termoceptores (sensíveis às mudanças da temperatura), mecanoceptores (sensíveis a alterações no movimento, força e energia mecânica) e os quimioceptores (que detectam a existência e quantidade de substâncias químicas). É através destas especificidades da máquina que nos constituiu que somos capazes de cheirar, de provar e comparar sabores; de tocar, de sentir calor, frio, suavidade ou aspereza, que conseguimos cheirar e ouvir com precisão o que acontece à nossa volta. Quando há problemas de funcionamento de um ou mais destes sentidos a nossa capacidade de tomar decisões fica afectada porque não dispomos de todas as informações a que outrora tinhamos acesso. É possível o organismo reequilibrar-se e intensificar um sentido para compensar a debilidade ou perda de outros. Pessoas invisuais podem desenvolver capacidades auditivas extremamente apuradas e pessoas surdas conseguem com frequência ler nos lábios com perícia.
Para além destes dados, concretos e aceites de forma unânime, por vezes notamos a presença de outros mecanismos, de difícil explicação que nos guiam quando não sabemos por onde ir. Cada vez mais se fala de conceitos como intuição, consciência alargada, pressentimento ou clarividência, associados a um aumento de receptividade que fogem a razões lógicas e podem abrir portas a uma dimensão pouco explorada da nossa mente. A este propósito já Albert Einstein dizia: "A mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente racional é uma serva fiel. Criámos uma sociedade que honra a serva e que se esqueceu da dádiva." Assim, debate-se se fará sentido falar de um sexto sentido.
Nos animais, um exemplo a ter em conta é o dos gatos, seres de grande sensibilidade em relação ao meio exterior, que conseguem pressentir tremores de terra ou erupções vulcânicas. Tal deve-se à existência de pêlos tácteis (sobretudo nos seus bigodes) que são de imensa utilidade a transmitir informações ou mudanças iminentes no meio em redor. O bigode ajuda o gato a servir-se do olfacto e tacto desempenha a tripla função de prevenção de acidentes, medição de distância e indicador de estados de humor do animal (quando o gato está calmo o bigode fica para a frente, se está na defensiva o bigode recua). Também chamadas de vibrissas, os bigodes transmitem vibrações aos órgãos sensoriais localizados na base e são próprios de alguns mamíferos, apurando a sua percepção do meio.
http://www.wallery.org/?artwork_id=29113
Os japoneses baptizaram de "muga" um estado que se alcança quando a pessoa se concentra plenamente no presente, fora das limitações do ego, equivalente a um estado de mestria superior ao de mera competência. Quando estamos focados no eu observador, na avaliação das situações, somos movidos por insegurança que nos rouba todas a energia e espontaneidade natural.
Muga acontece quando estamos plenamente concentrados no acto presente (bloqueando eficazmente tudo o resto) ficando livres para melhorar, modular as nossas ideias; para deixar o material vital fluir. Ao anularmos a nossa faceta de observador mergulhando inteiramente no nosso desempenho como actores, a sensação de liberdade é enorme. À semelhança de um sexto sentido, somos capazes de executar acções como descer escadas com os olhos fechados sem falharmos um degrau.
Muga acontece quando estamos plenamente concentrados no acto presente (bloqueando eficazmente tudo o resto) ficando livres para melhorar, modular as nossas ideias; para deixar o material vital fluir. Ao anularmos a nossa faceta de observador mergulhando inteiramente no nosso desempenho como actores, a sensação de liberdade é enorme. À semelhança de um sexto sentido, somos capazes de executar acções como descer escadas com os olhos fechados sem falharmos um degrau.
O distinguido psicólogo Abraham Maslow descreve muga como a consciência no instante presente, numa entrega integral, sem hesitações, dúvidas ou inibições de qualquer espécie. É sob este signo que se podem viver momentos puros, perfeitos, imensamente orgânicos e vibrantes; com a sensação do tempo ter parado, de uma forma que nutre e transforma em definitivo a alma.
De facto, muitas vezes é preciso deixarmos a nossa zona de conforto para acedemos ao nosso lado mais selvagem, intocado e genuíno como um diamante em bruto. Precisamos retomar a um elo natural e plácido que não deve ser perdido. Descobrirmo-nos a nós mesmos, para além do que os outros pensam, é uma descoberta inigualável.
De facto, muitas vezes é preciso deixarmos a nossa zona de conforto para acedemos ao nosso lado mais selvagem, intocado e genuíno como um diamante em bruto. Precisamos retomar a um elo natural e plácido que não deve ser perdido. Descobrirmo-nos a nós mesmos, para além do que os outros pensam, é uma descoberta inigualável.
Oi!
ResponderEliminarMuy interesante el artículo sobre el «muga», gracias por compartirlo.
Creo, sin embargo, que a veces las explicaciones desde el intelecto son realmente estériles; el muga sólo se puede experimentar desde el muga mismo.
Las explicaciones desde la perspectiva occidental, hechas precisamente por personas como Maslow, pueden llegar a ser terriblemente defectuosas; cuidado.
¡Saludos!
Gracias. Saludos desde Portugal.
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