Enfrentar o bloqueio criativo



Profissionais de camadas distintas, principalmente os escritores, dão por si em momentos em que não encontram inspiração para abordar novos temas. Isto pode causar grande agonia a quem quer trabalhar e se sente como uma corrente drenada que nada mais consegue gerar.
Em vez de se entrar numa espiral de desespero deve-se ter consciência que existem diversas maneiras para começar a contornar o bloqueio criativo e voltar a dedicar-se a projectos que a apaixonem e motivem.
Manter a calma, respirar fundo e dar tempo a que a sua mente absorva novas ideias são essenciais. Tomar contacto com elementos interessantes, viver a vida apenas como qualquer pessoa sem pensar em criar o que quer que seja são também importantes.
Deve-se tentar mudar a prespectiva com que encaramos o trabalho em construção. Por exemplo, muitas vezes escapam-nos erros ortográficos porque o modo de visualização do texto é sempre o mesmo. Como tal, há que experimentar novos enquadramentos: escrever à mão quando se escreve normalmente ao computador ou vice-versa pode ajudar ao fluir da criatividade, a associação de palavras ou imagens visuais potencialmente úteis. Da mesma forma que um quarto se pode tornar muito mais espaçoso se mudarmos a posição da cama, o nosso cérebro pode produzir conteúdos surpreendentes se inovarmos na forma como acedemos a ele.
Ao estarmos parado no meio de um projecto podemos experimentar abordar um tema semelhante de outra forma, para continuar a exercitar o nosso olhar discurso e crítico. Para aqueles a meio de um livro que se sentem a trilhar um beco sem saída, escrever outro tipo de narrativas (crónicas, contos, cartas) pode ajudar a que a narrativa em repouso ganhe novas possibilidades de desenvolvimento e que o exercitar da escrita reacenda a  vitalidade da obra.
As ideias mais interessantes surgem por vezes nos momentos mais casuais do dia-a-dia: numa viagem de autocarro, na fila do banco ou no meio de uma reunião chata pelo que ter a mão sempre um caderninho para esquematizar qualquer impressão digna de nota, é uma boa técnica. Se houver ideias novas, rever o que escrevemos ultimamente, melhorar artigos ou ler mais sobre os variados tópicos podem ser toda a ajuda de que precisamos visto que o entrecruzar de matérias muito diferentes está na origem de muitos triunfos artísticos.
Falar sobre o processo de escrita pode trazer à luz pontos que nunca tinham ocorrido ao pensamento. Levantar questões, sublinhar aspectos relevantes e descrever pessoas e lugares podem fazer retomar o fio da meada perdido. Outra solução, principalmente no caso dos romances históricos ou policiais é procurar mais informação, investigar, ver mais filmes, documentários, produções teatrais e fazer todo um trabalho de revestimento intelectual a ser partilhado com os demais.
Um bloqueio criativo não tem de ser visto como uma tortura e sim como parte do curso natural da vida. Nem sempre podemos estar altamente inspirados e entusiasmados com o que temos em mãos. É uma fase delicada, especialmente para quem forma uma identidade indossiável do que fazem, em vêm como sendo aquilo a que dão origem. Os períodos de maior dúvida, de marés baixas criativa e de obscuridade servem para encontrar novos caminhos interiores, janelas de oportunidade e renovada frescura para expressar, o que melhor que pudermos, tudo o que ainda temos a transmitir.

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