A Guerra dos Boers
As
guerras dos boers foram dois conflitos armados na África do Sul, entre os
colonos chamados de boers (de ascendência holandesa e francesa) e o exército
britânico. Em causa estava a posse das minas de diamante e de ouro que tinham
acabado de ser descobertas naquele território.
A
primeira guerra dos boers deu-se entre 16 de Dezembro 1880 e 23 de Março
de 1881 e nela se declarou a independência da república boer do Transvall
relativamente à Grã- Bretanha.Os boers vestiam as mesmas roupas de trabalho
usadas no trabalho nas fazendas, uma jaqueta e um chapéu. Esta simplicidade
contrastava com os uniformes vermelhos usados pelas forças inglesas; cor que se
destacava na paisagem e permitia que fossem avistados e atingidos de longe.
Na
primeira guerra dos boers destaca-se ainda a Batalha de Schuinshooge, onde os
britânicos foram vencidos. A derrota foi ainda mais flagrante a 27 de Fevereiro
de 1881 em Majuba Hill, naquela que ficou conhecida como a Batalha do Monte
Majuba. Os boers fizeram explodir o monte e mataram muitos ingleses. Face a
todas estas humilhações militares, os ingleses assinam um Tratado de Paz,
segundo o qual Transvall ficaria apenas sobre protecção britânica.
Em
1899, o presidente Paul Kruger exige a garantia da autonomia da república
e o fim da presença britânia nas colónias de Natal e do Cabo. Os boers
continuam a revoltar-se pelos que o cessar fogo não dura muito tempo e o
confronto é retomado.
A
Segunda Guerra dos Boeres desenrolou-se entre 11 de Outubro 1899 e 31 de Maio
de 1902. Os bors, presentes no nordeste da África do Sul desde 1890, lutaram
pela independência e por manter as repúblicas de Tranvall e do Estado Livre de
Orange, ricas em ferro, ouro e diamantes. No início, os boers tinham vantagem e
conseguem invadir a colónia do Cabo, ganhar controlo sobre cidades importantes
e anexar territórios do Reino Unido. Todavia, a resposta inglesa deita por
terra as aspirações nacionalistas, de exército e armamento bélico superiores
(consequência da apoteose da Revolução Industrial que se vivia na Europa de
então).
As
tropas inglesas anexaram as repúblicas boers do Transvaal e do Estado Livre de
Orange. Mais tarde, em 1910 iriam juntar-se às colónias do Cabo e de Natal para
formar a União Sul-Africana. A vitória inglesa assenta em práticas desumanas e
destrutivas: devastação e queima de propriedades e captura de homens, mulheres
e crianças em campos de confinamento (onde a mortalidade atinge os 20 mil). A
Grã Bretanha torna-se um dos símbolos da política colonial europeia feita de
domínio, autoritarismo e imperialismo; de protecção dos interesses próprios
contra tudo e contra todos, neste caso, os autóctones.
Uma
das acções mais determinantes para a vitória britânica deveu-se ao trabalho de
Robert Baden-Powell, tenente-geral do exército britânico que se celebrizou como
o fundador do escutismo. Este recebe ordens de se estabelecer com o seu
batalhão em Mafeking, um dos mais importantes pontos estratégicos da África do
Sul, cujo controlo era considerada vital para a vitória na guerra.
As
forças inglesas defenderam Mafeking, num cerco que durou 217 dias no total. A
estratégia foi bem sucedida e a cidade nunca foi tomada pelas forças boers.
Baden-Powell foi aclamado como um heroi pela coragem e dedicação demonstrada.
Um dos pontos fortes da sua acção em Mafeking foi o trabalho desenvolvido com
os mais jovens, que asseguraram serviços essenciais como a distribuição de
correio e sentinela, muitas vezes pondo em risco a própria vida.
Depois
de mais confrontos acessos, em 31 de Maio de 1902 é finalmente assinado o
Tratado de Vereeniging que vem restaurar a paz, ficando todo o território
sul-africano sobre alçada britânica, sobre a designação de União Sul-Africana.
Os boers reconheciam a soberania inglesa, que por seu turno assumia uma dívida
de guerra de três milhões de libras aos governos afrikaners. Estabeleceu-se que
os negros não teriam direito de voto, excepto na colónia do Cabo. As tentativas
de estabelecer o idioma inglês como obrigatório falharam e o afrikaans acabou
por ser reconhecido como uma língua distinta do holandês. Contudo, só em 1926 é
que se tornaria a língua oficial da África do Sul.
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