Espaços para respirar
Nem sempre as transições são suaves e feitas à medida da sanidade mental. Muitas vezes somos literalmente submersos numa nova avalanche desconhecida, que temos de aprender a dominar. Nessa altura, as mudanças não parecem ser boas, apenas assustadoras e entramos em modo de piloto automático, enquanto focamos a atenção em tudo o que ficou para trás. E muitas vezes o que passou é uma amálgama de destroços que é inglório contemplar: perdas que nos consomem, episódios desmoralizantes e enganos retumbantes que tiram o ânimo para encarar a fase seguinte. As questões são de uma imensidão desconcertante em relação às respostas, falta-nos paciência e capacidade de controlo. A razão em vez de trazer esclarecimento, tolda-nos a visão e faz-nos derrapar.
O facto é que nascemos por fazer e temos de fazer-nos o melhor possível e gravitar em torno do que dá sentido à nossa vida. Quando esses sonhos são destruídos, os dias parecem esvair-se em fumo e não fazemos a mínima ideia de como viver com uma condição diferente, mais dura. Afinal, direccionámos energias para as coisas que queríamos, forçámos mesmo; e os resultados vãos são se nos tivessem feito um buraco no peito e retirado todo o seu conteúdo.
O passar do tempo vai enchendo com os seus acontecimentos e desafios os espaços que agora sobram, como obras em construção envolvidas por faixas. Apesar de não sabermos estamos em cuidados intensivos.
Às vezes é preciso tocar o nada, ficar tão vazio quando humanamente possível para conseguir fazer uma depuração de tudo o que nos corrompe e polui; para recuperarmos alguma da nossa inocência natural, uma espécie de novo baptismo nas águas límpidas da consciência. Para isso é preciso haver intervalos de tempo em que exalamos o tóxico para respirar ar puro das coisas mais verdadeiras.
Vai haver vários pontos a assinalar na nossa viagem: em que vamos sentir-nos confortáveis como canções de embalar, grandiosos como um hino nacional e dissonantes de tudo como uma sinfonia completamente desafinada. Vai haver sentimentos imberbes, agridoces, criadores; tão inofensivos como carícias tímidas e agressivos como ciclones todo-poderosos. Vai haver alturas em que apenas um gesto será o suficiente para transformar uma situação e outras em que todo o dano já foi feito e não há mais nada a perder.
Todas as coisas que nos abalam, têm o potencial para nos tornar mais resistentes em lugares que nem sequer sabíamos possuir.
Viver é muitas fezes como fazer uma mala. Ao ver cada das peças a nosso dispor temos deixar partir o deve ser esquecido, reciclar o necessário e sobretudo, assegurar que ficam lugares vagos para que novas benesses possam entrar.
Às vezes é preciso tocar o nada, ficar tão vazio quando humanamente possível para conseguir fazer uma depuração de tudo o que nos corrompe e polui; para recuperarmos alguma da nossa inocência natural, uma espécie de novo baptismo nas águas límpidas da consciência. Para isso é preciso haver intervalos de tempo em que exalamos o tóxico para respirar ar puro das coisas mais verdadeiras.
Vai haver vários pontos a assinalar na nossa viagem: em que vamos sentir-nos confortáveis como canções de embalar, grandiosos como um hino nacional e dissonantes de tudo como uma sinfonia completamente desafinada. Vai haver sentimentos imberbes, agridoces, criadores; tão inofensivos como carícias tímidas e agressivos como ciclones todo-poderosos. Vai haver alturas em que apenas um gesto será o suficiente para transformar uma situação e outras em que todo o dano já foi feito e não há mais nada a perder.
Todas as coisas que nos abalam, têm o potencial para nos tornar mais resistentes em lugares que nem sequer sabíamos possuir.
Viver é muitas fezes como fazer uma mala. Ao ver cada das peças a nosso dispor temos deixar partir o deve ser esquecido, reciclar o necessário e sobretudo, assegurar que ficam lugares vagos para que novas benesses possam entrar.
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