Ventos da sorte


Cada salto e passo no escuro é como atirar moedas a um poço que dizem realizar desejos, sem saber se é lenda ou verdade. Às vezes resulta e por qualquer razão incognoscível temos sorte, outras vezes é mais um gesto que se repete vezes sem conta infrutiferamente.
Ficamos então com os pés demasiado cansados de tanto caminhar, a consciência confusa ao tentar perceber aquilo que nunca se revela. A única solução é procurar alguma alegria e diversão no meio da infelicidade, para que ter vontade de viver e de amar possa ser suficiente. Para que sejamos autênticos apenas ao acreditar nas palavras que dizemos e ao agir em conformidade, sem desmoralizar ou fazer cedências. Nunca se sabe onde se pode chegar e apenas se pode esperar encontrar algo que nos acolha o coração e nos faça sentir em casa. 
Se no fim de contas, todos nascemos para morrer e a vida é o que acontece no entretanto (connosco a planear outras coisas ou a pensar em objectivos distantes) tudo o que podemos fazer é continuar, com tristeza ou sorrindo. 
Há que tornar nossa a luz cintilante entre as trevas, com ousadia, coerência, sem deixar que o medo nos paralise. Temos de persistir, com a alma tão solta como o cabelo na brisa, tão íntegros e receptivos quando ainda nem tinhamos completado um ano de idade.
Calamidades, paixões, penas e venturas; a soma dos dias é feita de vivências emocionalmente análogas a tempestades, furacões, marés e ventos. E os ventos, como quase tudo que conhecemos, sempre mudam.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O talento de Mira

As cicatrizes das famosas

A história de Marla