Emergência de amor
Há invariavelmente momentos em que gostaríamos de estar acompanhados e não é possível. Noites em que a solidão pesa mais que milhões de toneladas, dias em que horas se arrastavam como uma sentença infindável, em que nos sentimos incapazes de sorrir, não importa o que aconteça. Podemos ter tudo mas continuaremos a sentir-nos sem nada se não tivermos amor. É através dele que conseguimos ver sentido na vida, o ingrediente essencial que dá sabor a qualquer intempérie, a qualquer momento. Estar com quem amamos faz-nos felizes, temos uma necessidade cabal de sermos nutridas por a força de carinho. É quase uma emergência poder ver as esperanças que depositamos em alguém não caírem em saco roto e transformarem-se num arco-irís especial onde cabem todos os sonhos mais doces, todas as realidades mais perfeitas.
Queremos respirar e rir em igual quantidade, amar enquanto vivermos. Não passar um segundo sem esse bálsamo que cure as nossas feridas e nos faça acreditar que há um pouco de magia, de uma fonte inexplicável no mundo. Amar acaba por ser uma forma natural de ser, um canto livre, uma maneira de voarmos sem descolar os pés do chão, de fugirmos continuando a ser quem somos, uma energia onmipresente, constante e intemporal. Não há idade, lugar nem espaço que possa prender o que é indomável por natureza.
A carência de amor despedaça-nos interiormente, faz-nos perder o controlo, ficar a olhar para o tecto sem saber o que fazer, em inteira alienação porque não conseguimos evitar o que estamos a sentir. É esse emergência que nos faz por o orgulho de lado e telefonar quando jurámos não o fazer ou simplesmente dizer "Preciso de ti agora" mesmo que não tenhamos a certeza se as nossas palavras terão resposta. É ter uma certa dose de insanidade e agir por vezes como uma barata tona pairando ao redor da luz. Mas afinal... não é isso o amor?
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