Construtivismo e o desenvolvimento humano
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O construtivismo é uma corrente de pensamento que defende que a realidade é socialmente construída, ou seja, não percepcionamos os factos externos de forma objectiva mas sim com subjectividade, a partir das nossas concepções, ideologias e valores. Esta área epistemológica tem aplicação em várias ciências humanas como a Sociologia, Filosofia e Psicologia. No seu livro "Construção do real na criança", o psicólogo do desenvolvimento Jean Piaget, argumentou que as crianças adquirem o conhecimento de forma activa, ou seja, realizam construções mentais daquilo que aprendem auferem da viabilidade das suas acções. Piaget via o conhecimento como resultante da interacção do indíviduo com meio envolvente e procurou classificar os processos pelos quais este era construído, dos seus níveis elementares aos superiores, com ênfase no conhecimento científico.
Há dois tipos de construtivismo, que têm em comum a ideia de que o índividuo não acede directamente à realidade como ela é, edificando a sua visão do mundo tendo por base o conhecimento adquirido à priori. Também defendem que não é a verdade em si mesma o mais importante mas sim a sua aplicação útil.
Os construtivistas radicais defendem que cada pessoa constrói a sua visão particular do mundo, reflexo da sua individualidade e sistema de crenças pessoal. Os construtivistas sociais, por seu lado, acreditam que só se acede ao conhecimento através do contacto directo com os outros, do dicurso social que nos envolve.
A influência do construtivismo estendeu-se ao ramo da pedagogia, passando a ver-se a aprendizagem como um processo individual, que implica criatividade e dinamismo, com a realidade a ser construída tendo por base os sinais electrónicos que o cérebro humano possui. Se cada pessoa tem a sua forma subjectiva de aprender, devem existir diversas formas de ensinar que se possam adaptar a condições individuais distintas. O filósofo Ernst von Glaserfeld defendeu que cada aluno devia ser tratado como um indíviduo dotado de inteligência e capaz de formular pensamentos por si próprio.
Outro dos intelectuais que se destacaram nesta temática foi Humberto Maturana, biólogo chileno e um dos defensores do pensamento sistémico e do construtivismo radical. O primeiro pode definir-se como a crença de que a racionalidade científica (reducionista-mecanicista) não é suficiente para explicar o desenvolvimento humano e que se faz em conjunto com crenças espirituais, tradições, elementos subjectivos e com a arte. Defende que o índividuo aprende através das experiências e que o modo de viver em sociedade e a cultura são originados pelas interacções da linguagem com as emoções. No entender de Maturana, as emoções estão numa "deriva cultural" e necessitam de ser resgatadas para que o ser humano possa evoluír naturalmente. É a partir da convivência social, da aceitação dos pares e da capacidade de amar que se constrói a linguagem e asseguramos a sobrevivência enquanto seres vivos.
O construtivismo visa, em suma, explicar as transformações individuais na aquisição do conhecimento ao longo da vida. O sujeito não é um elemento passivo na aprendizagem, é pelo contrário, aquele que elabora e organiza a sua forma de aprender, desenvolve o seu raciocínio, com questionamento crítico e participação activa. É através desse trabalho de construção, de estímulo cognitivo e interpretação pessoal que construímos a realidade e o nosso mundo.
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