Morte cerebral: o fim de uma vida

Designa-se por morte cerebral a perda final, definitiva e irreversível da função do cérebro e da actividade consiciente. Também pode ser chamada de morte encefálica, um termo considerado mais específico para esta condição, que remete ao tronco encefálico, parte do sistema nervoso central entre a medula espinal e o cérebro, na sua maioria intracraniana e onde se localiza o cerebelo.
O tronco encefálico ou cerebral é composto por estruturas fundamentais para a realização das nossas funções vitais (cardíacas, respiratórias, etc). Portanto, é esta porção do nosso corpo que nos permite viver. A agressão severa ao encéfalo pode evoluir para morte cerebral que se distingue do estado de coma por ser uma cessação da vida do indíviduo, sem hipótese de cura. É possível acordar de um estado de coma, visto que há vida cerebral mas, infelizmente, não é possível reverter ainda o cenário de morte cerebral, em que já se produzem reacções.
O diagnóstico de morte cerebral dá-se quando após um traumatismo craniano ou falha cardíaca, o indíviduo não responde a nenhum tipo de estimúlos visuais, sonoros ou verbais. Não há qualquer tipo de movimento, as pupilas não reagem à luz e mantêm-se fixas já que o cérebro morto não envia a mensagem de impulso ao olho, os chamados reflexos oculocefálicos. Também não existe reflexo córneo, ao manterem-se os olhos abertos estes não vão responder a uma estimulação da córnea. Na zona auditiva, ao submeterem-se os ouvidos a água a baixas temperaturas, o índividuo permanece inalterável. Por último, o paciente acometido por morte cerebral não é também capaz de respirar autonomamente e sem sistema de suporte de vida. Quando o ventilador é desligado, o oxigénio começa a escassear no sangue e a acumar-se dióxido de carbono.
O cérebro controla todo organismo mas não consegue armanezar oxigénio nem o açúcar no sangue (glicose) ou sentir dor em si mesmo. Se ficar sem oxigénio, o cérebro começa a morrer, sendo que após uma paragem cardíaca só consegue sobreviver cerca de seis minutos. Em caso de lesão grave ou falta de oxigénio prolongada, o quadro de morte cerebral pode também ocorrer, sem possibilidade de recuperar ou de vir a apresentar sinais de vida.
Nestes casos, a hora da morte dá-se no momento em que o médico determina que há morte cerebral; que todas as áreas do cérebro, incluindo o tronco encefálico, cessaram de funcionar de forma definitiva.
Uma das mais recentes vítimas desta condição trágica foi  um artista bem conhecido do nosso país, que vimos partir em plena juventude, o fim abrupto de uma vida feliz de quem fazia o que mais gostava.
Angélico Vieira (1982-2011): Falecido no passado dia 28 de Junho, numa atmosfera dramática, Sandro Milton Vieira Angélico nasceu a 31 de Dezembro de 1982 em Lisboa. Começou a sua carreira como modelo ao que se seguiu uma participção na série televisiva “Morangos com Açúcar, que lhe serviu de rampa de lançamento como actor e cantor. Por detrás deixou inacabado o curso de Gestão de Empresas e inicia a percurso musical com a banda D´ZRT, que lançou três discos de originais e um dvd. 
Aproveitando um hiato na boysband, Angélico lança-se a solo com o albúm a solo, de onde se distinguem canções como a enérgica “Bailarina”, “Namorada” e a bela balada “Gostasses de mim”. Ao triunfo na música, somaram-se actuações em mais novelas televisivas e no filme “20,13 Purgatório” de Leonel Veira, sobre a guerra colonial portuguesa.
Na manhã de Sábado, 25 de Junho, Angélico sofreu um acidente na A1, sentido Porto-Lisboa, de que causa um irremediável traumatismo crânio- encefálico, de que viria a padecer. Dado como clinicamente morto, com danos cerebrais irreversíveis, o óbito é declarado a 28 de Junho, no Hospital de Santo António, no Porto. A consternação e sofrimento da família, amigos e admiradores é esmagadora.
Entes próximos de Angélico destacam-lhe grandes qualidades humanas: a alegre vivacidade, o sorriso carismático, o sentido de humor, talento musical (como cantor, compositor e produtor), a humildade e o amor inesgotável pela vida. A terra perdeu uma estrela e o céu ganhou um anjo.



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