Agorafobia

Há medos diferentes dependendo de pessoa para pessoa e das sensibilidades individuais. Uma das fobias mais preocupantes que se tem afirmado neste novo século designa-se por agorafobia. Etmologicamente, a palavra vem do grego, formada pela justaposição de ágora (assembleia, reunião de pessoas, multidão) e phobos (medo). A pessoa que sofre deste transtorno experimenta uma ansiedade e pânico invulgares com a perspectiva de sair de casa e enfrentar uma multidão de pessoas, facto esse que afecta as suas escolhas de vida e o seu funcionamento normal enquanto indíviduo. Muitas vezes esta situação é descrita como medo de ter medo, que pode decorrer de motivos variados: medo de se sentir mal fisicamente no meio da multidão, de ser envergonhado publicamente, de não conseguir sair a tempo no caso de acontecer algum acidente. Por ser baseada numa concepção abstrata e não fundamentada, em sentimentos negativos alicerçados na mente da pessoa que lhe causam dano, é considerada uma psicosite. Associada à agorafobia pode estar associada um baixo nível de auto-estima e depressão. O afectado por este mal sente-se frequentemente frustrado consigo próprio mas incapaz de vencer os seus receios tão profundos. Pode também viver um grande sentimento de culpa e dor por causar qualquer tipo de desilusão às suas pessoas mais próximas. Faz sentido, falar-se nesse campo da formação de um estigma que irá fazer com que a pessoa se isole cada vez mais e se afaste dos seus outros, sem saber como lidar com os seus problemas. Este comportamento verifica-se sobretudo quando a agorofobia é resultado de um trauma grande como a perda recente de um ente querido.
Esta enfermidade não é tratada facilmente por medicação, sendo que se aconselha vivamente a terapia cognitiva comportamental, que permitirá ao doente conhecer-se melhor a si próprio, a racionalizar os seus medos e a a enfrentá-los melhor, à luz dos factos e do acompanhamento atento do terapeuta.
Não é de estranhar que cada vez mais pessoas sofram de ataques de pânico, stress e agorafobia. Os dias de trabalho podem revelar-se uma autêntica batalha, com um acumular de tarefas insanas para fazer, em que a imagem e a atitude valem tudo e todo um baralho de cartas se pode desmoronar com a jogada errada. Muitos sentem-se pressionados ao extremo, impedidos de falhar, é sempre uma questão de vida ou morte, de agora ou de nunca e respirar fundo e pensar longamente, por vezes é encarado como um luxo a que não se tem direito. Talvez o que é visto como normalidade esteja lentamente a mudar à medida que o mundo fica um pouco mais doente a cada dia que passa. Quantos não se sentem apenas verdadeiramente seguros e tranquilos quando chegam a casa e rodam a chave na fechadura, sem mais ninguém a quem dar explicações, a tentar impressionar ou entender. Ter espaço é uma necessidade muito importante, há que ter atenção a esse momento em que as fronteiras da solidão saudável e o isolamento agorafóbico aparece para conquistar terreno e tomar o controlo daquilo que não deve ser seu.

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