Tricotilomania- o desespero nos cabelos


Todos os dias aprendemos algo novo que nos pode ensinar uma lição. A maioria das pessoas procura ter sempre uma boa aparência e é capaz de fazer sacrifícios, mesmo que pequenos, em busca dessa perfeição idealizada. Todavia, há outras raparigas que trilham areias movediças, num caminho instável de agonia. Sentem-se irremediávelmente sozinhas apesar de não isso não ser verdade. Ninguém o está.
Em que é que descontamos a nossa frustração, raiva, impulsos agressivos, as partes de nós que são mais negras, mais vergonhosas, como lixo que não queremos que os outros vejam? Há quem roa as unhas, telefone a toda a gente na sua lista de contactos ou fique simplesmente a ver uma rodada de séries televisivas acompanhada de sobremesas hipercalóricas. Há quem chore durante horas como se o mundo fosse acabar e apareça aparentemente incólume e toda sorridente no dia seguinte. E há quem desconte num elemente, amplamente considerado um sinal de beleza e indicador do nosso estado de saúde geral: o cabelo. Não, não vou falar da mania que muitos de nós temos de enrolar madeixas de cabelo nos dedos enquanto pensamos em x ou y ou lemos emails. Estou a falar de uma peturbação que nada tem de inofensiva.
A tricotilomania define-se com arrancar cabelos, sem fins estéticos, motivado por um impulso descontrolado com a finalidade de obter alívio de tensões ou outro tipo de distúrbios do foro nervoso. Após este acto, a pessoa poderá ainda morder os fios de cabelo arrancados, chegando mesmo a ingerir as raízes dos fios. As consequências podem ir desde pequenas falhas no cabelo, alopécia (redução parcial do cabelo) até à calvíce total. Este comportamento leva normalmente a um afastamento de maior ou menor grau da família e amigos, a sentimentos de baixa auto-estima e vergonha e a feridas e cicatrizes no couro cabeludo. Devido a esta ser uma doença com uma forte carga psiquíca, despoletada por problemas profundos, cuja solução poderá demorar a chegar mas não é de forma alguma impossível. Como tal, a pessoa doente deverá antes de mais acreditar que é capaz de vencer esta condição e resistir a um impulso tão devastador. Depois desta consciencialização, que nunca é um processo linear nem simples, deverá rodear-se da melhor ajuda possível para criar um mecanismo de suporte capaz de a sustentar nesta fase delicada. Medicação e Terapia Cognitivo-Comportamental têm alcançado bons resultados e podem restabelecer o elo em falta para uma vida harmoniosa.

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