A Fuga

O bandido decidiu fugir
Roubar ao tempo uma hora
A vida congelou sem a sentir
Numa ansiedade que tudo devora

Esqueceu os amigos e as luzes
Perdeu-se na mais profunda escuridão
Coleccionou todas as cores e perfumes
Tentou ascender aos céus mas foi em vão

O pêndulo do relógio ficou estagnado,
Alheio à sua própria existência,
O futuro fundiu-se com o passado,
Mentes desmembradas e sem consciência,


Fiquei sem sentido nem direcção,
Sem nenhum lugar para me abrigar,
O silêncio jaz no meu coração,
Sem amor nem sonhos para sonhar

O céu desvanecido já não brilha agora
O mundo à minha volta não avança,
Somente a utopia me conduz pela estrada fora
E uma réstia de sentimento; talvez esperança.

Wassily Kandinsky, Fuga (1914), óleo sobre tela

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