Beyoncé: Homecoming


Beyoncé fez história ao tornar-se a primeira mulher afro-americana a ser cabeça de cartaz do festival de música e artes Coachella, actuando nos dias 14 e 21 de Abril de 2018, no Empire Polo Club em Indio, California. A artista que havia cancelado a participação no ano anterior ao ficar grávida dos gémeos Rumi e Sir, regressou aos palcos depois de dar à luz.
O documentário e espectáculo musical "Homecoming" apresentando-nos Beyoncé de forma grandiosa, uma verdadeira tour de force, com referências culturais maravilhosamente colocadas, com uma voz potente, coreografias energéticas e um carisma magnético. As duas performances foram aclamadas pela crítica e pelo público. Estreou cerca de um ano depois, no dia 17 de Abril de 2019 na plataforma de streaming Netflix, tendo sido realizado, escrito e com produção executiva de Beyoncé.
A artista surge-nos como capitã do seu próprio navio e com total controlo criativo desde as luzes do palco ao tamanho da pirâmide, passando pelos conceitos do espectáculo e pela ordem das músicas apresentadas. Nenhum detalhe é deixado ao acaso. 
Para além da actuação extremamente bem conseguida, em que se mistura filmagens da primeiro espectáculo (de figurino amarelo) com o segundo (de figurino cor-de-rosa), o mais interessante é o olhar íntimo, em profundidade, do que foi preciso para Beyoncé criar este espectáculo, descrito como uma jornada emocional, desde conceito criativo para movimento cultural. De facto, acompanhamos o início dos ensaios, com Beyoncé poucos meses depois do parto a assumir que há um longo caminho a percorrer, tanto a nível do seu corpo como do trabalho a fazer para dar o concerto emblemático com que tanto sonha.O que se segue são muitas horas de preparação, disciplina e sacrifício.
Depois de uma gravidez com algumas complicações como hipertensão e pré-eclampsia (que exigiu uma cesariana de emergência), Beyoncé abraça o desafio de voltar a actuar com grande humildade, amamentando os bebés entre os ensaios. A artista leva o corpo ao máximo, para perder o peso que deseja e acima de tudo para realizar a sua visão criativa. 
A cultura afro-americana está em destaque, desde a entrada poderosa de Beyoncé em palco, vestida em referência à rainha egipcia Nefertiti, bem como a sua interpretação de "Lift Ev'ry voice and sing", popularmente referenciado como hino nacional negro, que deixou marca.
A actuação homenageia as universidades afro-americanas chamadas de HBCU (faculdades e universidades historicamente negras), com uma banda marchante e dançarinas em uniformes. Beyoncé cresceu a ver as competição anual destas bandas e parece colocar tudo o que aprendeu na sua carreira e vida nesta actuação de cerca de duas horas. "Era importante para mim que toda a gente que não se tinha visto representado, sentisse que estava no palco connosco. Queria que tivéssemos orgulho não só do espectáculo do processo. Orgulhosos da luta. Agradecidos pela beleza que vem com uma história dolorosa e rejubilar nessa dor. Fomos capazes de criar um espaço livre e seguro em que nenhum de nós foi marginalizado", afirma. 
Um simbolo em destaque é a letra BAK, que se pensa fazer referência ao NPHC (Conselho Nacional Pan Helénico), uma organização colaborativa de nove irmandades e sonoridades historicamente afro-americanas com influências gregas, conhecida por Divine Nine. Também apareceu uma pantera negra e punho levantado (referência ao grupo Panteras Negras, que lutou pelos direitos civis dos afro-americanos) e uma abelha, que representa os fãs de Beyoncé. O activista dos direitos civis negros Malcolm X, foi também homenageado por Beyoncé, com parte do seu discurso a tocar no Coachella 
A actuação contou ainda com as integrantes das Destiny's child, Kelly Rowland e Michelle Williams, bem como a irmã de Beyoncé, a também artista Solange Knowles. Pelo seu triunfo unânime a actuação foi popularizada com o nome de "Beychella".
Beyoncé conseguiu assim atingir um feito notável e mostrar  que com persistência, esforço árduo e uma ética de trabalho impressionante, é possível dar vida aos nossos maiores sonhos.






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