Fadiga de férias

Passamos o ano todo a ansiar por elas. As semanas dedicadas ao descanso, a recarregar baterias, a viajar (se tivermos sorte). Mas nem sempre as férias correspondem às nossas expectativas de diversão e relaxamento e quando finalmente estamos a criar hábitos prazeirosos é quando acabam.
No meu caso, suspirava por estas três semanas que se aproximam do fim, entre o esgotada e desmotivada. Tinha montes de planos para tornar este um tempo cheio de momentos inesquecíveis. Não querendo desvalorizar todas as coisas boas que aconteceram, a sensação que tenho é que estive ocupada mas não tenho a certeza se fui realmente produtiva. Apesar de não ser tomada por uma sensação de urgência tão forte como durante a formação que estou a frequentar, continuava a desejar que o dia tivesse mais de 24 horas. É como se o tempo se escapasse por entre os dedos, alternando entre alturas em que não vejo sentido em nada (e só me apetece deitar na cama olhando o tecto) e aqueles em que trabalho arduamente para alcançar os meus sonhos (que felizmente são mais numerosos que o primeiro caso).
Não é um caso de tristeza de Verão, como tão bem Lana del Rey retrata na sua canção "Summertime sadness". É uma fadiga que se sente sem se conseguir explicar. Se na primeira semana, consegui dormir a horários regulares, acordando cheia de vitalidade e energia, na segunda foi um descalabro. Acordar várias vezes a meio da noite, voltar a ter episódios de paralisia de sono (que para quem sofre deste problema sabe como são desagradáveis) tornaram-se constantes, com uma persistente sonolência e dores de cabeça durante o dia.
Esta última semana de férias tem sido um ajustar de agulhas em busca de um maior equilíbrio. Tenho-me dedicado mais ao desenvolvimento da minha revista, Humanamente e pensado muito em voltar em força a este espaço. São vários os textos que tenho guardados como rascunho este ano e que quero, eventualmente, publicar. 
Estes dias que faltam para voltar ao activo são essenciais para reajustar os meus ritmos biológicos, para perceber o que o meu corpo e a minha mente precisam e dar o melhor de mim nas frentes a que me proponho. Acredito que devemos escutar os sinais do nosso organismo e que a fadiga é um sinal para me sintonizar com aquilo que me apaixona e entusiasma, que faz com que as horas passem a voar. É esse estado de fluxo, em que tudo simplesmente se expande e decorre com facilidade, que todos nós procuramos. É essa a recompensa do sangue, suor e lágrimas. A harmonia com todos os seres e connosco mesmo é a meta. A recompensa suprema.


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