Weltschmerz

  

Weltschmerz significa em alemão dor do mundo e é uma expressão introduzida pelo escritor alemão Jean Paul. Remete para o cansaço, desânimo e preconiza que a realidade física nunca poderá corresponder às exigências da mente, ou seja o mundo que sonhamos nunca será aquele em que vivemos. Também designa sofrer por empatia devido aos males do mundo, fundamentado na ideia de que estamos todos ligados uns aos outros no cerne da humanidade, sendo a tristeza e desgraça de uns é sentida de alguma forma pelos seus semelhantes. 

Uma visão excessivamente romântica e idealista é propensa ao desenvolvimento deste estado, que pode resultar em sérios problemas mentais. Esta leitura pessimista da realidade encontrou eco em escritores de renome como Herman Hesse, Lord Byron e Leopardi Giacomo. Nos seus livros "A leste do Éden" e "O Inverno do nosso descontentamento", John Steibeck escreve sobre este sentimento. Raph Ellison usa o termo na sua obra-prima "Homem Invisível" para descrever a dor espiritual latente na música flamenca que passa do interprete para o ouvinte. A música é aliás um veículo privilegiado de expressão de emoções onde se podem chorar perdas universais. Actualmente, Weltschmerz remete para o sofrimento psicológico, para o estado de inadaptação e desconexão relativamente ao mundo; à individualidade esmagada pela crueldade e condicionalismos físicos e sociais. Está relacionado com os conceitos de depressão, escapismo e renúncia. De igual modo, é comparado com o conceito de anomia introduzido pelo sociólogo Emile Durkein que nos seus estudos sobre o suicídio identificou três tipos principais: suicídio altruísta, egoísta e anómico). Por anomia entende-se um estado de alienação, de completa inadequação com as normas da sociedade: ao não se identificar com as regras sociais o individuo fica à deriva sem relações significativas e propenso à fragilidade e desespero. Pode também ter sido abandonado e excluído pela sociedade e o suicídio é a consequência última dessa inabilidade prática de sobreviver enquanto ser humano e de estabelecer laços integradores. Na cultura popular, o termo Weltschmerz é usado em músicas, livros e séries televisivas, difundindo a ideia da casualidade, de que não há homens isolados e que a mais pequena coisa tem repercussões no todo, especialmente num mundo globalizado da actualidade, de interacções e trocas incessantes.

 Como escreveu John Donne (1572-1631) notável poeta inglês, citado por Ernest Hemingway "Nenhum homem é uma ilha isolada, cada homem é uma partícula de um continente, uma parte da terra (...) A morte de qualquer homem diminui-me porque sou parte do género humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".

 


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