Ser a mulher perfeita

"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um quê? Um quase tudo" Clarice Lispector
Catarina Furtado, considerada por muitos uma das mulheres mais bonitas de Portugal

O que é que as mulheres, nomeadamente as portuguesas, querem? Na minha modesta opinião, penso que a lista não varia muito entre as fêmeas da sociedade actual. Se os homens querem sentir-se sempre o macho alfa, como a canção bem elucidativa "Quem o gostosão daqui?" apregoa aos quatro ventos as mulheres querem ser perfeitas. Lindas, admiradas, inteligentes, valorizadas pelo trabalho, pelos amigos/família/parceiro. Querem ser consideradas como fadas do lar, profissionais de primeira, mentes brilhantes, ícones de estilo e que a sua passagem destile glamour por todos os lados. Quais as consequências de um comportamento com expectativas demasiado elevadas e auto-exigências da altura do Empire State Building? Insatisfação, frustrações, uma luta constante para ter tempo para fazer tudo e para poder mostrar um sorriso aos outros, quando se recebem elogios pelo que parece aparentemente ser uma vida perfeita. Constroi-se muitas vezes uma personagem que revela conciliar mil e uma tarefas com uma invejável facilidade quando na verdade, muitos dias acabam no limiar do despero, numa típica cena de mulher à beira de um ataque de nervos. Porquê então fingir o que não se é, na tentativa de atingir uma perfeição que nunca se conseguirá alcançar? Sim porque ser humano é sinónimo de ser falível e só os deuses é que são perfeitos. Viver no mundo das aparências é como estar preso ao chão apenas por um fio: basta um movimento em falso e a mulher exemplar que tanto trabalho nos deu a compor desaba sobre os peso dos seus conceitos falaciosos e cai no vazio. Não sabe mais quem é e percebe que perdeu uma parte considerável do seu tempo em enganos, mentiras, num esforço inglório para controlar o seu corpo e destacar-se entre as demais.
Por mais que tentemos, vamos sempre cometer erros, ter problemas para resolver que parecem exigir mais de que nós conseguimos dar. Para podermos atravessar estes dias complicados do século XXI não podemos andar no fio da navalha, deixarmo-nos manipular e ceder aos caprichos das indústrias mundiais, influenciáveis como uma criança de sete anos. Não podemos ceder a desordens alimentares nem guiar-nos por modelos que nada têm a ver connosco. O nosso rosto e o nosso corpo são nossos apenas e não devem ser comporados com os de mais ninguém. A beleza está no olhar de quem a contempla, nunca é demais dizê-lo e para se estar bem por fora tem de se estar bem também por dentro. A elegância física pode fazer-te caber numa peça de roupa mas não pode modelar um sorriso verdadeiro no teu semblante já que a alegria de viver, assim como o amor, não tem pesos nem medidas.

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