Tarde demais
Poucas palavras há que sejam mais tristes do que não ter sido capaz, não ter sido suficiente, não haver nada a fazer. Tarde demais. Um segundo depois já não conta. Porém há beleza em todas as tentativas mesmo aquelas que por qualquer motivo ficaram pelo caminho e não foram bem-sucedidas. O tempo permite-nos reflectir mas também nos traz, como as ondas do mar, os pontos em que estivemos menos bem e até onde fracassámos. Faz parte de ser humano fazer escolhas erradas e por vezes só é possível ver que algo não era para nós quando as levámos até ao fim. Aí atingimos uma espécie de limbo em que todos nos cobram o que fizemos como se tivéssemos de dar sempre contas dos nossos mais ínfimos actos. Não pode ser um ponto de não retorno se essas escolhas produzirem infelicidade. Tem de haver uma maneira de recuar, de voltar para trás e com a distância vermos a vida com outros olhos porque já houve tempo para mudarmos e amadurecemos entretanto. Será a maturidade uma perfeita ilusão? Nunca