Recordando Irena Sendler (1910-2008)


Nasceu a 15 de Fevereiro de 1910, Irena Sendler foi uma assistente social e activista dos direitos humanos que salvou 2500 crianças do Gueto de Varsóvia durante a ocupação alemã. Entre Outubro de 1940 e Abril de 1943, Irena não poupou esforços para impeder que milhares de judeus fossem enviados para campos de concentração nazi.
Ao longo de mais de dois anos, em plena Segunda Guerra Mundial, Irena fez sair do gueto bebés, crianças e adolescentes, escondendo-os em pacotes, cestos ou ambulâncias, com destino a orfanatos, conventos, fábricas e famílias para adopção. Levou ainda roupas, medicamentos e alimentos aos habitantes do gueto, arriscando a própria vida. Pelos seus actos heróicos, Irena ficou conhecida como "o anjo do Gueto de Varsóvia".
Católica romana, Irena simpatizava com judeus desde a infância e usava sempre a Estrela de David ao entrar no Gueto, para não chamar as atenções sobre si e poder misturar-se facilmente entre a população. Para encontrar forças, Irena apoiava-se na esperança pela paz, chegando a criar um arquivo com os nomes e histórias pessoais das crianças salvas, para que estas pudessem um dia saber a sua verdadeira identidade.
No gueto de Varsóvia viviam cerca de 400 mil dos 3, 5 milhões de judeus da Polónia. A população começou a morrer lentamente pelas más condições de saúde e alimentação e pelas forças nazis que levavam sumariamente judeus para os campos de concentração mais próximos, como o de Treblinka.
 Irena Sendler foi descoberta pelos nazis a 20 de Outubro de 1943, presa pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak, onde a torturaram (partilharam-lhe ossos das pernas e pés). Ainda assim, Irena recusou-se a revelar o paradeiro dos seus ajudantes ou dos judeus que tinha colocado em segurança.
Uma estampa com os dizeres "Jesus, em Vós confio" ajudou-a a suportar as duras provações a que foi submetida. Condenada à morte, Irena foi salva no próprio dia de execução por um soldado alemão que a deixou escapar  (tinha sido subornado por forças judias). Continuou a trabalhar sobre uma identidade falsa e no final da ocupação de Varsóvia, entregou as listas com as crianças salvas ao Comité de Salvação de Judeus Sobreviventes. Infelizmente,na maior parte dos casos, todos os parentes próximos tinham sido executados durante a guerra.
Justificando os seus actos de grande bravura, Irena Sendler declarou “Fui educada na ideia de que é preciso salvar qualquer pessoa que se afoga, sem ter em conta a sua religião ou notoriedade”.
Durante as décadas seguintes, os seus feitos passaram relativamente despercebidos, tal como Oskar Schindler (retratado no filme “A Lista de Schindler) que morreu na pobreza e em Portugal, Aristides de Sousa Mendes. Com o final do comunismo, Irena é colocada na linha da frente como uma das principais heroínas na resistência ao nazismo.
Em 1965, o memorial israelita Yad Vashem atribuiu a Irene Sendler o título de “Justo entre as nações”, que honra não judeus que salvaram judeus. Foi ainda nomeada cidadã honorária de Israel. Em 2003 recebe a mais alta distinção civil da Polónia: a ordem da águia branca. É também nomeada ao Prémio Nobel da Paz. Em 2007, é-lhe feita uma homenagem solene, pela coragem extraordinária com que se deparou com as atrocidades nazis e não hesitou em fazer-lhes frente.
Faleceu a 12 de Maio de 2008, aos 98 anos de idade, num Hospital de Varsóvia. É sobrevivida pela filha, Janina e uma neta. A partir da sua vida realizou-se o documentário "Irena Sendler: in the name of their mothers", a peça de teatro "Life in a jar" e o filme "The corageous heart of Irena Sendler".
Numa carta ao Parlamento da Polónia, Irena revela toda a sua nobreza de carácter ao afirmar “Cada criança salva com a minha ajuda é a justificação da minha existência nesta Terra e não um título de glória”.



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